Uma retirada precipitada da Otan do Afeganistão teria um "preço muito alto", com o risco de ver este país "voltar a ser uma base para terroristas internacionais", alertou nesta terça-feira (17) o secretário-geral da Aliança após os anúncios americanos neste sentido
Uma retirada precipitada da Otan do Afeganistão teria um "preço muito alto", com o risco de ver este país "voltar a ser uma base para terroristas internacionais", alertou nesta terça-feira (17) o secretário-geral da Aliança após os anúncios americanos neste sentido.
"O Afeganistão corre o risco de se tornar novamente uma base para terroristas internacionais que planejam e organizam ataques em nossos países", afirmou Jens Stoltenberg, ressaltando ainda que "o Estado Islâmico pode reconstruir no Afeganistão o califado do terror que perdeu na Síria e no Iraque".
Stoltenberg reagiu assim ao desejo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de acelerar a retirada dos soldados americanos destacados no Afeganistão.
O chefe da Otan já havia feito esse alerta na reunião de ministros da Defesa da organização no final de outubro e seus argumentos foram retomados na segunda-feira pelo líder da maioria republicana no Senado americano, Mitch McConnell, em um alerta ao presidente Trump.
Donald Trump, que foi derrotado nas eleições presidenciais pelo democrata Joe Biden, mas no cargo até janeiro de 2021, havia prometido acabar com as "guerras sem fim" e disse que queria reduzir o número de soldados americanos para 2.500 no Afeganistão no início de 2021. Ele falou de uma retirada total para o Natal.
"A Otan foi para o Afeganistão após um ataque aos Estados Unidos para garantir que este país nunca mais fosse um refúgio seguro para terroristas internacionais. Centenas de milhares de soldados da Europa e de outros lugares se juntaram às tropas americanas no Afeganistão, e mais de mil deles pagaram o preço final", ressaltou Jens Stoltenberg.
"Atualmente temos menos de 12.000 soldados da Otan no Afeganistão, e mais da metade deles são forças não americanas", apontou.
"Mesmo com novas reduções americanas, a Otan continuará sua missão de treinamento, aconselhamento e de assistência às forças de segurança afegãs e está empenhada em financiá-los até 2024", garantiu.
A vontade americana de se desligar deste país após a conclusão de um acordo com o Talibã e a continuação da violência representa sérios problemas para a Aliança.
"Um dilema surgirá nos próximos meses", advertiu Jens Stoltenberg na reunião de ministros da defesa da Aliança.
"Decidimos juntos ir para o Afeganistão. Vamos proceder juntos com os ajustes das forças e sairemos juntos do país", repete o secretário-geral da Otan a cada encontro.
O assunto voltará a ser discutido na reunião de chanceleres da Otan nos dias 1 e 2 de dezembro.
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