A Casa Branca revelou que vai acabar com as reuniões em que informa em primeira mão os comitês de inteligência do Congresso a respeito da interferência eleitoral estrangeira, o que provocou uma onda de acusações sobre a tentativa de acobertar a ajuda russa à reeleição do presidente Donald Trump
A Casa Branca revelou que vai acabar com as reuniões em que informa em primeira mão os comitês de inteligência do Congresso a respeito da interferência eleitoral estrangeira, o que provocou uma onda de acusações sobre a tentativa de acobertar a ajuda russa à reeleição do presidente Donald Trump.
O anúncio do governo americano acontece dois meses antes da eleição presidencial, enquanto Trump minimiza a ameaça de interferência estrangeira e acusa os democratas de vazar informações confidenciais.
"Provavelmente o instável Schiff, mas outros também, vazam informações à mídia de notícias falsas", tuitou o presidente no sábado, em referência ao presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Adam Schiff.
Trump não apresentou provas sobra a acusação, que repetiu diversas vezes durante seu mandato.
"Não importa do que ou de quem se trate, incluindo a China, os canalhas transtornados gostam da narrativa de Rússia, Rússia, Rússia", completou.
O Congresso seguirá com acesso a relatórios confidenciais escritos, mas os parlamentares não poderão mais fazer perguntas aos funcionários do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI).
Os democratas do Congresso reagiram com revolta e chamaram a medida de "vergonhosa", ao mesmo tempo que acusaram Trump de acobertar a interferência russa.
"Como de costume, o presidente Trump está mentindo. Trump demitiu o último DNI (Diretor de Inteligência Nacional) por informar o Congresso sobre os esforços russos para ajudar em sua campanha", tuitou Schiff.
"Agora termina por completo com as sessões informativas. Trump não quer que o povo americano saiba sobre os esforços da Rússia para ajudar em sua reeleição".
Schiff e a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, pediram em um comunicado que a administração e a comunidade de inteligência retomem as sessões informativas.
"Se não estiverem dispostos a fazê-lo, consideraremos todo o leque de ferramentas disponíveis na Câmara para obrigá-los a fazer isto", afirmaram.
Em uma carta com data de 28 de agosto e divulgada no sábado pela imprensa americana, o diretor de Inteligência Nacional, John Ratcliffe, escreveu aos principais congressistas dos dois partidos nos comitês de inteligência da Câmara de Representantes e do Senado para explicar a mudança.
"Penso que esta estratégia ajuda a garantir, na maior medida do possível, que as informações que o ODNI proporciona ao Congresso em apoio a suas responsabilidades de supervisão sobre a segurança das eleições, a influência estrangeira maligna e a interferência eleitoral não sejam mal interpretadas nem politizadas", escreveu.
O chefe de gabinete da Casa Blanca, Mark Meadows, afirmou no sábado durante uma visita de Trump a Louisiana e Texas, estados afetados pelo furacão Laura, que "a última vez que organizaram sessões informativas, alguns membros saíram e falaram com a imprensa, passando informações que não deveriam ter revelado".
O vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado, Mark Warner, chamou a decisão de deter as reuniões informativas pessoais de "tentativa sem precedentes de politizar um tema, como é proteger nossa democracia da intervenção estrangeira, que deveria ser não partidária".