INTERNACIONAL

Capital da Eritreia sofre novo ataque a partir de região rebelde da Etiópia

A capital da Eritreia, Asmara, voltou a ser atacada nesta sexta-feira por um foguete disparado da região etíope dissidente do Tigré, contra a qual o Exército da Etiópia dirige uma operação militar que entrou, segundo Adis Abeba, em sua fase final

AFP
27/11/2020 às 20:07.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:37

A capital da Eritreia, Asmara, voltou a ser atacada nesta sexta-feira por um foguete disparado da região etíope dissidente do Tigré, contra a qual o Exército da Etiópia dirige uma operação militar que entrou, segundo Adis Abeba, em sua fase final.

O disparo do foguete, confirmado à AFP por quatro diplomatas da região, reaviva o temor de uma escalada regional do conflito. "Um foguete do Tigré parece ter caído ao sul de Asmara", disse um dos diplomatas, observando que não havia informações imediatas sobre possíveis vítimas ou danos.

Outro diplomata afirmou que houve um segundo disparo de foguete em um bairro de Asmara, mas essa informação não pôde ser verificada. Não foi possível entrar em contato com nenhum dirigente da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), partido que dirige a região. Nem a Etiópia, nem a Eritreia, manifestaram-se sobre o assunto.

A Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF), no poder nesta região dissidente do norte da Etiópia reivindicou vários disparos de foguetes contra Asmara este mês.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, reafirmou nesta sexta-feira que seu dever é "manter a ordem" no país, após uma reunião com enviados da União Africana (UA) sobre o conflito no Tigré, e depois de ordenar ao Exército uma ofensiva final contra aquela região rebelde.

Abiy, que recebeu no ano passado o Nobel da Paz por um acordo com a vizinha Eritreia, anunciou ontem a "terceira e última fase" da campanha contra as autoridades regionais da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF), que desafiam sua autoridade há vários meses.

O conflito, iniciado em 4 de novembro e que provocou a fuga de mais de 40.000 etíopes de Tigré para o Sudão, provocou centenas de mortes, mas não existe um balanço preciso sobre as vítimas dos combates.

O Papa Francisco convocou hoje as partes em conflito a darem um basta na violência, assinalando que os confrontos "já provocaram uma situação humanitária grave". "O Santo Padre lança às partes em conflito um chamado pelo fim da violência e pela proteção de vidas, principalmente dos civis, para que a população possa recuperar a paz", declarou o assessor de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni.

A ofensiva final se concentra em Mekele, capital de Tigré (norte), onde vivem 500.000 pessoas e que está cercada pelas forças federais.

A comunidade internacional, preocupada com a situação dos civis em Mekele, pressiona o primeiro-ministro etíope, mas ele rejeitou "qualquer interferência nos assuntos internos" de seu país.

Entre as iniciativas está a da UA, que tem sede na capital etíope, Adis Abeba, e que designou três enviados especiais para tentar aplacar a situação: os ex-presidentes Joaquim Chissano (Moçambique), Ellen Johnson-Sirleaf (Libéria) e Kgalema Motlanthe (África do Sul), que estão desde quarta-feira na capital etíope.

O governo da Etiópia se comprometeu a recebê-los "por respeito", mas rejeitou qualquer proposta de mediação. Nesta sexta-feira, Abiy expressou em um comunicado seu "agradecimento" ao chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, que assume a presidência temporária da UA, e aos enviados especiais por seu compromisso para apresentar "soluções africanas aos problemas africanos".

Ele também recordou, no entanto, que seu governo tem "a responsabilidade constitucional de manter a ordem (em Tigré) e no resto do país", antes de destacar a paciência que demonstrou ante as "provocações" e a "agenda de desestabilização" da TPFL.

A Agência da ONU para os refugiados (Acnur) anunciou hoje ter transportado de avião 32 toneladas de ajuda de emergência ao Sudão, onde se encontram os milhares de refugiados que fugiram dos combates na vizinha Etiópia. Segundo agências humanitárias, o número de refugiados poderia passar dos 43 mil atuais para 200 mil nos próximos meses.

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