SÉRIE 'CANDIDATOS A PREFEITO'

Candidato Magno Peres fala de suas propostas

Professor tem por objetivo representar a classe trabalhadora

Adriana Ferezim
adriana.ferezin@gazetadepiracicaba.com.br
05/09/2016 às 10:45.
Atualizado em 28/04/2022 às 04:42

Magno Peres (à dir.) esteve na Gazeta, acompanhado de seu vice, Sérgio Salgueiro (Christiano Diehl Neto)

A motivação do professor Magno Peres, 57 anos de idade, para disputar as eleições como candidato a prefeito de Piracicaba pelo Partido da Causa Operária (PCO), com o jornalista independente Sérgio Salgueiro, 56 anos de idade, como vice-prefeito, também do mesmo partido, é a de representar a classe trabalhadora no Executivo e de implantar um governo socialista, onde a Prefeitura será capaz de prover todas as necessidades da população. Sua candidatura também tem como objetivo ampliar o debate sobre a política nacional. “Estamos vivendo um golpe político no país. Nossa luta é a nossa principal causa, diante das circunstâncias políticas que vivemos e diante da própria estrutura ‘democrática’ destas eleições. As pessoas podem estar participando do tempo de televisão, mas não temos a ilusão de que o jogo é transparente, mas de cartas marcadas. Nosso objetivo é fazer essa denúncia à população - porque as autoridades já sabem”, disse. “Para nós, vivemos uma farsa fantasiada de democracia, porque partidos pequenos, como o nosso, não têm a menor chance perto dos grandes que já dominam a política”, completou Salgueiro. Eles estão empenhados em esclarecer a população e lutando pela eleição. “Estamos organizados, temos uma filosofia de como trabalhar em um estado socialista. Temos propostas para todas as áreas. Para nós, o administrador não tem de ser o pai da matéria. A administração tem de ser feita pela organização das forças populares, dos diversos setores sociais e econômicos e é assim que se dá o socialismo e se dá a liberdade”, afirmou Peres. O programa de governo do partido foi elaborado com base nas reivindicações das classes trabalhadores, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e dos movimentos sindicais e estudantil, conforme o candidato. Entre as propostas que surgiram dessas classes e que são apresentadas pelo PCO e por Peres, estão o salário mínimo no valor de R$ 4 mil, o fim da propriedade privada da terra - para que a terra seja de quem trabalha nela -, o fim do vestibular para ingresso nas universidades, fim da Polícia Militar, universalização do acesso à escola em todos os níveis, saúde integralmente pública, e a redução da jornada de trabalho. “Temos propostas para todas as áreas”, afirmou Peres. Segundo os candidatos a prefeito e vice, essas propostas, defendidas pelo PCO no país, podem ser aplicadas no âmbito municipal. “O PCO não é um partido focado apenas na eleição, mas na luta de classes. A campanha é uma forma de intervenção e início da mudança nacional. A nação é a conjugação de todas as realidades municipais. Queremos levar as pessoas a pensar para poderem agir na prática. Esperamos que as massas se mobilizem por esses ideais, porque eles não ficam somente no plano das ideias. Há um trabalho filosófico com propostas que podem ser colocadas em prática. Estamos preparados para iniciarmos uma revolução, por meio do esclarecimento e da mobilização da população sobre os seus direitos”, ressaltou. Direitos De acordo com eles, o primeiro direito da população é da força de trabalho. “A primeira questão é o entendimento marxista do trabalho. A pessoa vende a sua força de trabalho. Em uma sociedade socialista, ela tem o direito de conhecer qual é o valor dessa força. Também precisa entender como funciona essa venda, dentro de uma sociedade capitalista e, a partir daí, ser mais um engajado na luta da mudança da sociedade”, explicou. O salário mínimo vital de R$ 4 mil mensais é mais um direito social proposto. “É um valor calculado para que uma família tenha uma condição mínima na sociedade para ter moradia, vestuário, transporte, alimentação, cultura e lazer”, disse. Ligada ao trabalho, Peres prevê que a geração de mais empregos pode ocorrer com a diminuição da jornada de trabalho para 35 horas semanais. “Hoje é 44 h/semana. A redução abriria mais vagas. Pensamos num país socialista, no qual as pessoas não precisam morrer de trabalhar. Atualmente, há condições tecnológicas suficientes para ter uma sociedade justa, onde todos serão iguais e têm direito a lazer, trabalhando 44 h/semana, não há tempo para isso”. No caso de demissão ou de fechamento da empresa, ele defende que ela seja ocupada pelos trabalhadores. “O PCO na administração promoverá a organização dos trabalhadores pela Justiça. Entendemos que o trabalhador tem de ser o dono dos seus meios de trabalho. No nosso projeto, o empresário não existe”, afirmou. De acordo com o candidato a vice-prefeito, a sociedade tem de estar preparada para resistir. “O avanço das forças contrárias, capitalistas, impulsionadas pelas forças estrangeiras, indica que estamos necessitando dessa revolução”. Os demais direitos sociais são educação, saúde e segurança. “O da educação, não só com partidos, ou sem partidos como quer a direita golpista, deve ser de acesso universal e a escola será revolucionária socialista. Nela, as pessoas serão preparadas para mudar a sua condição social, para uma sociedade mais justa. A educação prevê emancipação, liberdade de expressão e organização”, completou Sérgio. Na saúde, Peres entende que o plano nacional Mais Médicos, deve ser mantido com os médicos cubanos. “Eles têm uma boa formação, principalmente, para o nosso pensamento revolucionário socialista, que é no atendimento médico da atenção básica, a medicina preventiva. Temos muitos gastos com saúde, porque nossos serviços são voltados para a doença e não para a saúde”, afirmou Peres. Em Piracicaba, segundo eles, há uma grande injustiça. “A cidade não é para todos. O orçamento anual é de R$ 1,5 bilhão e quem administra é a população ou os empresários? O que queremos, com a nossa revolução, não é nada absurdo”, disse. “Estamos propondo uma sociedade justa, mas não sabemos se vamos conseguir com tranquilidade. Muita luta está por vir, porque propomos a estatização de todos os serviços públicos, lixo, Transporte, Saúde, Educação. Defendemos que o dinheiro público seja realmente aplicado em benefício do trabalhador”, completou. Estatização total Magno Peres é professor de Geografia da rede pública estadual. É formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). É a segunda vez que concorre à Prefeitura. A primeira foi em 2012, quando era filiado ao PSOL, e recebeu 840 votos. Ele defende um sistema de governo socialista, no qual a prefeitura irá gerar os empregos com segurança, qualidade e estabilidade. "Sem nervosismo e o estresse do capitalismo. Vamos trabalhar com os conselhos municipais na função dos secretários municipais. Também criaremos conselhos operários que irão demandar as políticas públicas", afirmou. Quanto à governança da cidade, Magno Peres prevê que, para aprovar as leis com o aval da Câmara, como ocorre hoje, no seu governo isso mudará. "A Câmara não terá importância, porque, para nós, ela não representa a população de Piracicaba. Então a gente descarta o uso da Câmara Municipal. Vamos trabalhar com a representação popular na Prefeitura, pela mobilização da população". Ele pretende que a prefeitura defenda todos os interesses públicos e promova serviços, como a criação de novas frentes de trabalho e a segurança. "Na questão da segurança, descartamos a permanência dos sistemas de Polícia Militar. Entendemos que a insegurança tem origem no capitalismo, nas disputas de emprego, mercado, por matéria-prima. Elas acabam gerando essa violência na sociedade e também pelo desemprego". O candidato vai incentivar a sociedade a eleger o seu guarda municipal, por quarteirão. "A própria população vai gerenciar sua segurança, mas não será necessário nada disso, porque as pessoas estarão atendidas em todas as suas necessidades, o que evita a violência", afirmou Peres. Ele analisa que na política atual, de insegurança, há uma sociedade sem emprego, sem lazer, sem condições mínimas e isso produz a violência. "Outro fator é que a política de segurança é repressora e discriminatória", ressaltou Sérgio Salgueiro, candidato a vice-prefeito. Peres afirma que em uma gestão do PCO, serão paralisados os contratos feitos com as empresas privadas na realização dos serviços municipais. "Vamos suspender todos e fazer uma verificação profunda, como no do transporte público, que tem todo o custo jogado para os usuários. Vamos verificar a planilha de custos para clareza da população. Outra discussão que a população terá de verificar é a especulação imobiliária, que prejudica também o meio ambiente. Há ainda a invasão da área verde. Morar nessa área é o problema? Para o favelado não, mas é a alternativa que ele tem. Somos contra o Estado destinar grandes verbas para multinacionais do imperialismo porque o retorno do emprego não é proporcional ao investimento. Seremos criteriosos na aplicação dos recursos públicos", disse.

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