O candidato presidencial Yonhy Lescano, do partido Ação Popular, de centro-direita, e líder nas pesquisas menos de um mês antes das eleições no Peru, quer convocar um referendo constitucional e corrigir uma economia liberal "sem limites" que enriquece uma minoria, segundo disse em entrevista à AFP
O candidato presidencial Yonhy Lescano, do partido Ação Popular, de centro-direita, e líder nas pesquisas menos de um mês antes das eleições no Peru, quer convocar um referendo constitucional e corrigir uma economia liberal "sem limites" que enriquece uma minoria, segundo disse em entrevista à AFP.
Com um discurso conservador, Lescano se prepara para vencer no primeiro turno, em 11 de abril, uma eleição acirrada entre 18 candidatos que - quase certamente - será definida na votação de junho.
Aos 62 anos, este advogado católico, pai de três filhos e nascido em Puno - região aimará do Peru - na fronteira com a Bolívia, reivindica valores de honestidade atribuídos ao império inca que repete em quéchua como mantra para lutar contra a corrupção: "Ama llulla (não seja mentiroso), Ama sua (não seja ladrão) e Ama quella (não seja preguiçoso)".
É um político que rejeita os rótulos de conservador ou progressista e se define ideologicamente como "acciopopulista", um híbrido criado por seu partido para abrigar diversas tendências nacionalistas e populistas.
Quase vinte anos no Congresso do Peru por seu partido, entre 2001-2019, são sua carta de apresentação a um país apático, atingido pela pandemia do coronavírus.
Pergunta (P): Como sugere a esquerda, o senhor defende uma nova Constituição que substitua a deixada pelo presidente Alberto Fujimori e torne o país uma das economias mais abertas da América Latina?
Resposta (R): "Eu convocaria um referendo rápido para o mesmo Congresso eleito em 11 de abril para fazer uma Constituição em um ano. Essa Constituição [a atual no Peru] não tem servido para fazer todos crescerem e garantir que os peruanos vivam bem. É o caso do Chile, um governo de direita está criando uma nova Constituição por essas razões: porque as normas não serviram para alcançar a justiça social e também porque a Constituição foi feita durante a ditadura ".
"Esta economia tem sido liberal sem limites, sem sensibilidade humana. Precisamos de uma economia social de mercado, não há nada de estatismo (em nossa proposta)", disse à AFP na sala de sua casa, em Surco, bairro residencial de classe média no sul de Lima.
P: O que você propõe para melhorar a gestão da pandemia no Peru?
R: "Que a iniciativa privada intervenha na administração das vacinas, mas que as vendam a um preço justo, que não lucrem. Existem normas internacionais na Organização Mundial do Comércio que estabelecem que os laboratórios (que produzem vacinas contra a covid-19) em caso de emergência podem entregar as fórmulas aos países".
"Eles não vão nos dar (as fórmulas), vamos pagar os direitos deles, mas entregando a fórmula aqui [no Peru] vamos fazer as vacinas em um mês ou em 2 meses. A Índia e a África do Sul estão pedindo isso ", conclui.