INTERNACIONAL

'Caçadores' de coronavírus entram nos subúrbios da África do Sul

Equipados com questionários e testes de detecção, um enxame de profissionais com trajes de proteção azuis e máscaras cirúrgicas entra no coração dos subúrbios da África do Sul, ameaçados pela epidemia do novo coronavírus

AFP
04/04/2020 às 16:18.
Atualizado em 31/03/2022 às 04:42

Equipados com questionários e testes de detecção, um enxame de profissionais com trajes de proteção azuis e máscaras cirúrgicas entra no coração dos subúrbios da África do Sul, ameaçados pela epidemia do novo coronavírus.

Esta manhã, um destes grupos circulava pelo bairro de Yeoville, muito perto do centro de Johannesburgo, tristemente conhecido por sua pobreza e pelo tráfico de drogas.

"Pedimos a um morador que dê volta ao bloco de casas para que todo mundo venha e, se possível, faça o teste", explica a enfermeira Xola Dlomo.

Em pleno confinamento, várias pessoas vão ao local. "Estão aqui e estão dispostos a fazer um exame", diz, satisfeita.

O presidente Cyril Ramaphosa impôs aos 57 milhões de sul-africanos um confinamento durante pelo menos três semanas, com o objetivo de frear o avanço da pandemia em seu território.

Até o momento, a COVID-19 matou sete pessoas e contagiou 1.500 em todo o país, uma cifra muito reduzida em comparação com os milhares de mortos registrados em alguns países europeus.

Mas o vírus letal já irrompeu nos "townships", comunidades altamente adensadas onde vive a população mais pobre do país, frequentemente carente de água corrente ou banheiros.

Para evitar a propagação da pandemia nestes locais insalubres, Ramaphosa lançou uma campanha de detecção, insólida na África, que mobilizou dez mil médicos, enfermeiras e voluntários. Sua missão? Ir em busca da infecção porta a porta entre os sul-africanos mais vulneráveis.

Em Yeoville, estes sentinelas, distribuídos em oito pequenos grupos, esquadrinham um quilômetro quadrado.

"Nosso objetivo é informar as pessoas. Algumas não entendem a quarentena", explica seu encarregado, Kegorapetse Ndingandinga. "Sua saúde é nossa prioridade absoluta".

Com a cabeça para trás, Michael Moshane, de 58 anos, faz a coleta de amostra nasal. "É um pouco desagradável, mas é preciso fazer um esforço", diz. "É imprescindível para saber nosso estado de saúde".

Até agora, foram realizados pouco mais de 47.500 testes na África, sobretudo em laboratórios privados, segundo contagem das autoridades sanitárias.

Uma cifra totalmente insuficiente, avalia o ministro sul-africano da Saúde, Zweli Mkhize, convencido de que estes dados só mostram a ponta do iceberg desta pandemia no continente.

"As transmissões locais aumentam em silêncio", advertiu esta semana. "Nos bairros pores, as pessoas que apresentam sintomas leves não vão ao hospital. Não conhecemos a realidade do problema".

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