INTERNACIONAL

Cães se tornam salvo-conduto em uma Espanha confinada

O confinamento dos espanhóis pelo coronavírus é tão rigoroso que os cães se tornaram um dos poucos salvo-conduto para sair de casa, se tornando às vezes objeto de empréstimos e manobras

AFP
18/03/2020 às 15:05.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:26

O confinamento dos espanhóis pelo coronavírus é tão rigoroso que os cães se tornaram um dos poucos salvo-conduto para sair de casa, se tornando às vezes objeto de empréstimos e manobras.

Ao contrário da Itália, o primeiro país europeu a decretar o confinamento da população, a Espanha não tolera que seus habitantes saiam para esticar as pernas ou tomar um ar, mesmo respeitando a distância entre pessoas.

Mas autoriza que saiam brevemente com os cães para que façam suas necessidades.

"Você sai mais com o cachorro, mas por menos tempo", explica Luis Fe, com os olhos fixos em sua cadela, uma border collie branca e preta.

Este professor de 49 anos de Madri gosta de ver Dara correr para o parque da Basília de São Francisco el Grande, na capital deserta de uma Espanha em confinamento desde sábado à noite, o segundo país mais afetado pelo vírus na Europa depois da Itália.

E confessa que os donos de cachorros que conhece aproveitam o animal para "sair, porque estão em casa e entediados".

Em Madri, os latidos quebram o silêncio e os cães são notados nas calçadas vazias.

O melhor amigo do homem, o qual não há evidências de que transmita o vírus, tornou-se um passe para fugir do confinamento. Um fato que teve como efeito deixar sem trabalho os passeadores profissionais de cachorro.

"Liguei para alguns de meus clientes, idosos que ficaram sozinhos, perguntando se precisavam de ajuda, mas disseram que não, que estavam bem", lamenta David Sánchez, um passeador de cães de 47 anos no bairro de Tetuán em Madri.

Por outro lado, há um negócio que vai de vento a poupa: o empréstimo de cachorros.

"Se alguém quer dar um passeio, alugo meu cachorro para que tenha um salvo-conduto", oferece um anúncio no site Milanuncios.

Luis Fe diz, ao fazer um gesto de desprezo, que um colega lhe contou que recebeu uma oferta para alugar seu cachorro.

Uma possibilidade desaprovada por Alicia Barrientos, 39, de Madri, que acompanha seu cão pastor australiano: "É fatal, para a saúde de outras pessoas e para o animal, que sai com uma pessoa que não conhece".

Diante da controvérsia causada por essas propostas desonestas, a página de vendas online Wallapop chamou seus usuários a denunciar esses tipos de anúncio a fim de suprimi-los.

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