A Comissão Europeia deve revelar nesta quarta-feira (27) seus planos para sair da recessão em 2020, com um fundo de reconstrução de 750 bilhões de euros, mas sobre o qual deve convencer primeiro os 27 líderes europeus
A Comissão Europeia deve revelar nesta quarta-feira (27) seus planos para sair da recessão em 2020, com um fundo de reconstrução de 750 bilhões de euros, mas sobre o qual deve convencer primeiro os 27 líderes europeus.
"A Comissão propõe um Fundo de Recuperação de 750 bilhões de euros [825 bilhões de dólares] (...) Um avanço europeu para enfrentar uma crise sem precedentes", tuitou o comissário europeu para a Economia, o italiano Paolo Gentiloni.
A pandemia de coronavírus, que surgiu em dezembro na China, tem causado perdas humanas, com mais de 173.000 mortes na Europa, e graves danos econômicos, com uma contração de 7,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE em 2020, de acordo com Bruxelas.
A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, enfrenta seu maior desafio desde que assumiu o cargo em dezembro, sabendo que os 27 líderes do bloco, que devem aprovar seu plano, não escondem suas diferenças e censuras sobre como sair da crise causada pela pandemia.
A divisão concentra-se em saber se o apoio aos países mais atingidos pela COVID-19, especialmente Itália e Espanha, deve ser com empréstimos, conforme reivindicado pela Holanda, e aumentar a já volumosa dívida dos primeiros ou através de ajuda direta.
Esse último cenário recebeu o apoio inesperado da Alemanha na semana passada, tradicionalmente alinhada com os chamados países "frugais", adeptos do rigor fiscal, mas que, junto com a França, defendeu um fundo de meio trilhão de euros (cerca de 550 bilhões de dólares).
Paris e Berlim propuseram levantar o dinheiro com a emissão de dívida nos mercados por parte da Comissão e distribuí-lo sob a forma de auxílio não reembolsável. Haia, Viena, Estocolmo e Copenhague querem empréstimos reembolsáveis, em condições favoráveis.
A proposta envolve um endividamento nos mercados e teria meio trilhão de euros em ajuda e o restante em empréstimos, disseram fontes europeias à AFP.
Do total, a Itália receberia um pouco mais de 81 bilhões em ajuda direta e 90 bilhões em empréstimos, enquanto a Espanha teria acesso a 77 bilhões em doações e 63 bilhões em créditos reembolsáveis, de acordo com um documento consultado pela AFP.
Uma das incógnitas é se a concessão dessa ajuda estará vinculada ao cumprimento das recomendações anuais para reformas de Bruxelas no chamado Semestre Europeu, como adiantou seu vice-presidente Valdis Dombrovskis dias atrás.
Apesar dessa tentativa de conciliação, os debates entre os 27 líderes europeus e, depois, com o Parlamento Europeu, para sua aprovação são tensos, especialmente quando a Europa enfrenta, para muitos, sua maior crise desde a Segunda Guerra Mundial.
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