INTERNACIONAL

Brasil se aproxima das 150.000 mortes por covid-19

Quase oito meses após o primeiro caso no país, o Brasil superará neste fim de semana a barreira dos 150

AFP
10/10/2020 às 08:48.
Atualizado em 24/03/2022 às 11:03

Quase oito meses após o primeiro caso no país, o Brasil superará neste fim de semana a barreira dos 150.000 óbitos pela pandemia da covid-19, que retrocede lentamente, ao mesmo tempo em que a população acelera o retorno a uma perigosa "normalidade".

Com 212 milhões de habitantes, o Brasil acumula 149.639 falecimentos e 5.055.888 contágios, de acordo com números do Ministério da Saúde desta sexta-feira (9). O país é o segundo em número de mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 212.000 óbitos pelo novo coronavírus.

Após o primeiro caso, em 26 de fevereiro, e a primeira morte, em 16 de março, o Brasil viu os números crescerem até superarem um platô de 1.000 mortes diárias por quase dois meses, que começou a ceder em agosto (932) e setembro (752). Nos primeiros nove dias de outubro, a média diária é de 630 falecimentos.

A média de infecções diárias caiu de 40.659 em julho para 30.000 em setembro e 27.200 até agora em outubro.

Os especialistas, porém, acreditam que o Brasil atravessa um momento de platô com números ainda considerados elevados, diferentemente dos países europeus e asiáticos, que, após alcançarem o auge da pandemia, viram uma queda mais drástica nos contágios e mortes.

"Chegamos a ter 55.000 casos por dia, mas continuamos com 27.000. Sim, é possível dizer que caiu mais de 50%, mas é como se você descesse do Himalaia para os Alpes, quer dizer, você continua na montanha", explicou à AFP José David Urbaez, pesquisador da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

"Depois das mortes caírem para 600, ainda haverá um caminho enorme pela frente, com muitas perdas", completou.

Este platô coincide com a reabertura de mais atividades não essenciais, que, segundo os pesquisadores, está sendo feita sem coordenação nacional nem vigilância epidemiológica adequada, o que soma-se ao não cumprimento pela população das medidas preventivas.

"É quase impossível não retomar as atividades" em um país que é testemunha desde março do desaparecimento de mais de 10 milhões de empregos, afirmou o pesquisador Christovam Barcellos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

"O comércio e algumas indústrias são importantes, mas isso deveria ser feito com muito cuidado e a gente observa que, infelizmente, o Brasil não tem uma coordenação nacional de procedimentos dessa retomada", completou, em declarações à AFP.

Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro bate de frente com governadores e prefeitos, que têm autonomia em temas da saúde.

Bolsonaro rejeitou a gravidade da pandemia e apoiou o retorno à normalidade para evitar o colapso da economia, aparecendo sem máscara em atos oficiais ou ao lado de admiradores.

Essa imagem do presidente, que contraiu a covid-19 em julho, "é terrível para que possamos ter uma ideia unificada do que é a pandemia no Brasil", lamentou Barcellos.

Por conta própria, os governadores e prefeitos colocaram em prática medidas de isolamento social, mas, há alguns meses, autorizam mais atividades como o turismo local, o retorno às aulas e a abertura de bares e restaurantes.

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