A economia brasileira saiu formalmente da recessão no terceiro trimestre, com crescimento de 7,7% frente ao segundo, embora seu futuro esteja rodeado de incertezas por causa do fim próximo dos subsídios que visavam mitigar o impacto da pandemia do coronavírus no país
A economia brasileira saiu formalmente da recessão no terceiro trimestre, com crescimento de 7,7% frente ao segundo, embora seu futuro esteja rodeado de incertezas por causa do fim próximo dos subsídios que visavam mitigar o impacto da pandemia do coronavírus no país.
"Este é um momento em que acumulamos mais perguntas do que respostas", admite o economista Jason Vieira, da Infinity Assets.
O resultado divulgado pelo IBGE é inferior à expectativa média de crescimento de 8,8% dos especialistas consultados pelo jornal Valor e não compensa as perdas do ano, que marcam uma retração de 5% em relação ao mesmo período de 2019.
Frente ao terceiro trimestre de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) da maior economia da América Latina contraiu-se 3,9%.
O país havia entrado em recessão técnica após dois trimestres consecutivos de contração econômica (-1,5% no primeiro trimestre e -9,6% no segundo, segundo dados corrigidos para cima nesta quinta-feira).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, se mostra otimista e antecipa uma recuperação "em V", ou seja, da mesma velocidade e intensidade da queda.
"Houve revisões em trimestres anteriores, com crescimento um pouco para cima, então veio um pouquinho abaixo do esperado. Mas o fato é que a economia está voltando em V, realmente está voltando", afirmou Guedes em Brasília.
O principal motor do terceiro trimestre em relação ao segundo foi a indústria (+ 14,8%), seguida dos serviços (+ 6,3%), enquanto a agropecuária registrou queda de 0,5%.
O destaque ficou com a indústria de transformação (+ 23,7%), "até pelo fato de ter caído bastante no segundo trimestre (-19,1%), com as restrições de funcionamento" para reduzir os casos, explicou a coordenadora das Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
A economia brasileira se sustenta desde abril por causa dos subsídios concedidos a mais de 67 milhões de habitantes (um terço da população) como enfrentamento ao impacto da pandemia que já deixou mais de 174 mil mortos no país, o segundo mais atingido pela a doença no mundo.
Essas transferências de dinheiro compensaram parcialmente as perdas de empregos, mas exacerbaram os déficits e a dívida pública.
Em setembro, o valor inicial, R$ 600 por mês, foi cortado pela metade e corre o risco de ser eliminado a partir de janeiro.
A ajuda aumentou a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que agora está dividido entre a pressão dos mercados para cumprir suas promessas eleitorais de ajustes e seus planos de reeleição em 2022.
O governo projeta para este ano uma contração do PIB de 4,5% e um crescimento de 3,2% em 2021.
Menos otimista, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa na quarta-feira uma queda de 5,8% no PIB brasileiro em 2020 e uma alta de 2,8% no próximo ano.