Com o comando das prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro em jogo, o Brasil celebra no domingo (29) o segundo turno das eleições municipais, que podem dar pistas sobre a possibilidade de reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022
Com o comando das prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro em jogo, o Brasil celebra no domingo (29) o segundo turno das eleições municipais, que podem dar pistas sobre a possibilidade de reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022.
A vitória de Bolsonaro, chamado de "Trump dos trópicos", coroou em 2018 o avanço de uma onda ultraconservadora que deus sinais de enfraquecimento no primeiro turno de 15 de novembro, quando apenas dois dos 13 candidatos a prefeitos apoiados pelo presidente foram eleitos, enquanto outros dois estão na disputa.
"Como diria Trump, Bolsonaro apoiou um monte de perdedores", ironizou o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
Esses resultados, assim como a derrota de Trump nos Estados Unidos, "não deixam [Bolsonaro] em sua melhor forma para 2022", disse Fleischer à AFP.
O segundo turno acontecerá em 57 cidades, incluindo São Paulo, em meio à pandemia do novo coronavírus, que já deixou mais de 170 mil mortos e mergulhou o país na recessão.
A resposta à covid-19 tem causado fortes tensões ao longo do ano entre o governo Bolsonaro, contrário às medidas de confinamento, e governadores e prefeitos, que têm amplos poderes em matéria de saúde.
Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas enfrenta Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e candidato pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Covas, de 40 anos, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), obteve 33% dos votos no primeiro turno, contra 20% de Boulos, de 38.
As pesquisas inicialmente deram a Covas uma vantagem de 15 pontos no segundo turno, mas essa margem caiu para 10 nos últimos dias.
Jovem e carismático, Boulos ultrapassou não só o candidato apoiado por Bolsonaro, como também Jilmar Tatto, apoiado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Covas, que desde o ano passado trata de um câncer no aparelho digestivo que afetou também seu fígado e linfonodos, tem o apoio do governador de São Paulo, João Doria, um dos nomes mais citados para desafiar Bolsonaro na próxima eleição presidencial.
No Rio de Janeiro, as pesquisas indicam que o ex-prefeito Eduardo Paes, do Partido Democratas (DEM), deve derrotar com ampla margem o candidato à reeleição Marcelo Crivella (Republicanos), pastor evangélico licenciado, aliado de Bolsonaro.
Mas os olhos também se voltam para outros duelos, como Recife, onde se enfrentam os primos e herdeiros da política regional João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT).
Manuela D"Ávila, do Partido Comunista Brasileiro (PCdoB), disputa com Sebastião Melo, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a prefeitura de Porto Alegre, cidade palco de protestos após um homem negro ser morto por dois seguranças em um supermercado Carrefour.