O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, realiza nesta quinta-feira (28) uma polêmica viagem à Escócia para defender a unidade do país contra o auge de um movimento separatista encorajado pelo Brexit e pela gestão da pandemia de coronavírus
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, realiza nesta quinta-feira (28) uma polêmica viagem à Escócia para defender a unidade do país contra o auge de um movimento separatista encorajado pelo Brexit e pela gestão da pandemia de coronavírus.
Em visitas às cidades de Glasgow e Edimburgo, Johnson tentará destacar o papel do governo britânico no combate à pandemia na Escócia, desde a implementação de seu exército para ajudar na distribuição de vacinas até o apoio financeiro adicional fornecido.
As pesquisas, no entanto, mostram que os escoceses preferem majoritariamente a gestão da crise sanitária empreendida pela primeira-ministra escocesa, a separatista Nicola Sturgeon.
Líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Sturgeon está em conflito aberto com Johnson devido à sua firme rejeição em permitir um segundo referendo de autodeterminação após o de 2014, no qual a permanência da Escócia no país se impôs com 55%.
O principal argumento naquela época contra a independência foi o risco de estar fora da União Europeia. No entanto, paradoxalmente, dois anos depois, o referendo sobre o Brexit, ao qual os escoceses se opuseram com força, provocou sua saída do bloco justamente por pertencer ao Reino Unido.
Neste contexto, o SNP deixou claro que Johnson, que consideram já estar em campanha, não é bem-vindo: "A Escócia não votou por este governo conservador, não votamos pelo Brexit e certamente não votamos por Boris Johnson", disse seu número dois, Keith Brown.
Vinte pesquisas consecutivas mostraram um apoio majoritário à independência da Escócia e o SNP publicou um "esboço para um referendo" que, apesar de garantirem que será legal, é uma reminiscência preocupante do desafio independentista catalão de 2017.
O "primeiro-ministro está em pânico", afirmou Brown, argumentando que Downing Street "classificou esta viagem como "essencial"".
Em um país confinado pela terceira vez contra o coronavírus, somente as "viagens essenciais" estão autorizadas e Sturgeon usou este argumento para tentar impedir o deslocamento de Johnson.
"Pessoas como eu e Boris Johnson precisam trabalhar por razões que as pessoas compreendem, mas não temos que viajar por todo o Reino Unido. Temos o dever de liderar com o exemplo", disse na quarta-feira.
Downing Street respondeu que é "papel fundamental do primeiro-ministro representar fisicamente o governo britânico" e deve "estar acessível para as comunidades, as empresas e o público".
Antes de começar a viagem, Johnson elogiou os "grandes benefícios da cooperação" no Reino Unido desde o início da pandemia. "Trabalhamos juntos para derrotar o vírus", afirmou em nota.
No entanto, os governos descentralizados da Escócia, Gales e Irlanda do Norte são responsáveis pelas suas políticas de saúde e a pandemia deu um protagonismo especial aos seus líderes locais.