INTERNACIONAL

Bolsonaro, um presidente provocador e sem máscara

Depois de anunciar a alguns jornalistas que foi infectado pelo coronavírus, Jair Bolsonaro tirou a máscara, fiel à imagem de provocador "politicamente incorreto" com a qual foi eleito presidente do Brasil

AFP
07/07/2020 às 21:48.
Atualizado em 26/03/2022 às 17:45

Depois de anunciar a alguns jornalistas que foi infectado pelo coronavírus, Jair Bolsonaro tirou a máscara, fiel à imagem de provocador "politicamente incorreto" com a qual foi eleito presidente do Brasil.

O presidente de 65 anos reconheceu que "devemos prestar atenção às pessoas mais velhas", mas que "não vale a pena entrar em pânico" diante do que ele chamou de "gripezinha" por quatro meses, em referência a uma pandemia que já matou mais de 66.000 brasileiros.

Os próximos dias devem determinar se o presidente de extrema direita, no cargo desde janeiro de 2019, estava certo em março de se gabar sobre seu "histórico de atleta".

"Se eu estivesse infectado com o vírus, não seria nada preocupante, porque sentiria no máximo uma gripezinha ou um leve resfriado", disse ele.

Com a COVID-19, Bolsonaro enfrenta um novo desafio. Durante a campanha eleitoral, ele viu a morte de perto depois de ser esfaqueado no abdômen por um homem com distúrbios mentais.

"Se ele vencer a COVID-19 sem sintomas graves, isso poderá fortalecer a visão entre seus partidários radicais de que ele é um super-homem messiânico", tuitou nesta terça-feira (7) Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas, referindo-se ao nome do meio do presidente, "Messias".

A gestão da crise de saúde até o momento fez Bolsonaro perder apoio, enquanto suas bases se radicalizaram.

Apenas um ano e meio após o início de seu mandato, Bolsonaro enfrenta cinquenta pedidos de impeachment. Sua eleição pode ser anulada e seus filhos estão sob investigação por acusações de corrupção e disseminação de informações falsas.

Depois de entrar em confronto com governadores favoráveis ao confinamento e com os representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, o ex-capitão do Exército suavizou o tom nas últimas semanas, mostrando-se um pouco mais conciliador.

Este ex-paraquedista chegou ao poder com um discurso que propunha "restaurar a ordem", mas multiplicou as crises durante seu governo, com diversas demissões e renúncias de ministros.

Apesar de suas manifestações racistas, misóginas e homofóbicas, em outubro de 2018, contava com o apoio de 55% dos eleitores, a quem prometeu acabar com a corrupção, a violência, a crise econômica e a esquerda "podre" .

Bolsonaro costuma demonstrar nostalgia sem qualquer remorso pelos "anos de chumbo" da ditadura militar (1964-1985). Recentemente, despertou a ira dos defensores da democracia, ao sugerir que poderia recorrer às Forças Armadas para resolver a crise institucional.

Milhões de seguidores seguem esse entusiasta das mídias sociais, uma prática compartilhada por seu admirado colega americano Donald Trump.

Longe de ser um ótimo orador, esse homem de olhos azuis sabe como se dirigir a seus eleitores com frases simples e diretas.

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