O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (7) ter testado positivo para o novo coronavírus, informando que iniciou um tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (7) ter testado positivo para o novo coronavírus, informando que iniciou um tratamento com hidroxicloroquina e azitromicina.
Também mencionou que muitos pacientes infectados pela COVID-19 estão tendo resultados positivos com a ivermectina, que o vírus "se dá melhor" em climas mais frios e que jovens infectados pela doença podem ficar "tranquilos". Confira abaixo, o que se sabe até agora sobre estas afirmações.
"Dado os sintomas, a equipe médica resolveu aplicar a hidroxicloroquina", afirmou o presidente nesta terça, ao anunciar que havia testado positivo para a COVID-19.
Medicamento indicado para casos de malária e lúpus, a hidroxicloroquina foi um dos primeiros remédios considerados para um possível tratamento contra o novo coronavírus. Em maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a afirmar que estava tomando a hidroxicloroquina apesar de ter testado negativo para o coronavírus. "Ouvi um monte de boas histórias", disse, na época.
No início de junho deste ano, no entanto, um teste clínico liderado pela Universidade de Minnesota nos Estados Unidos e no Canadá indicou que tomar hidroxicloroquina não impede a infecção por COVID-19.
"Este estudo randomizado não demonstrou nenhum benefício significativo da hidroxicloroquina como tratamento profilático após a exposição à COVID-19", afirmaram os autores.
Em 15 de junho, a agência de Medicamentos de Alimentos dos Estados Unidos (FDA) revogou a autorização de uso de emergência que permitia a administração da hidroxicloroquina em pacientes com COVID-19 no país. "Com base em sua análise contínua [...] de dados científicos emergentes, a FDA determinou que é improvável que a cloroquina e a hidroxicloroquina sejam eficazes no tratamento contra a COVID-19".
De maneira semelhante, em 17 de junho, a OMS suspendeu as pesquisas de avaliação da eficácia da hidroxicloroquina contra a COVID-19 afirmando que os dados recentes indicaram que "não resulta em uma redução na mortalidade de pacientes hospitalizados de COVID-19".
Após declarar que equipe médica decidiu utilizar a hidroxicloroquina, um repórter questionou o presidente se o remédio estava sendo aplicado em conjunto com a azitromicina, o que ele confirmou.
Apesar da fala de Bolsonaro, a combinação de hidroxicloroquina com azitromicina segue sem ser indicada por instituições de saúde nacionais e internacionais.
Na seção de perguntas e respostas relacionadas ao novo coronavírus, a Fiocruz indica que a "azitromicina é um antibiótico e, portanto, não ataca vírus. Os antibióticos são indicados apenas contra bactérias".
Um documento de 18 de maio com diretrizes para o tratamento farmacológico da COVID-19, e que contou com a participação da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, indica: "Sugerimos não utilizar a combinação de hidroxicloroquina ou cloroquina e azitromicina de rotina no tratamento da COVID-19 (recomendação fraca, nível de evidência muito baixo)".
Durante a entrevista, Bolsonaro também mencionou a ivermectina, que tem sido amplamente divulgada nas redes sociais como outro possível tratamento à COVID-19."Eu sei que não tem uma comprovação científica ainda, mas, a eficácia da [...] ivermectina, entre outros, têm aparecido e muita gente tem dito que após ter ministrado esses medicamentos passou a se sentir muito bem".
A ivermectina, de fato, ainda não teve a sua eficácia comprovada no tratamento da COVID-19. Até este momento, ela tem sido usado como antiparasitário em humanos e também em animais, mas sob outra fórmula.