A prisão da ex-presidente interina da Bolívia, a direitista Jeanine Áñez, pelo suposto golpe contra o ex-presidente Evo Morales em 2019, reavivou a tensão política com a convocação dos primeiros grandes protestos nesta segunda-feira (15) em Santa Cruz, capital econômica e reduto da oposição, uma situação com a qual os Estados Unidos expressaram preocupação
A prisão da ex-presidente interina da Bolívia, a direitista Jeanine Áñez, pelo suposto golpe contra o ex-presidente Evo Morales em 2019, reavivou a tensão política com a convocação dos primeiros grandes protestos nesta segunda-feira (15) em Santa Cruz, capital econômica e reduto da oposição, uma situação com a qual os Estados Unidos expressaram preocupação.
Líderes da oposição convocaram manifestações contra a prisão de Áñez, ex-presidente interina (2019-2020), e de dois de seus ministros na cidade de Santa Cruz, 900 quilômetros a leste de La Paz.
Stello Cochamanidi, segundo vice-presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, um poderoso conglomerado empresarial civil de direita que nasceu na região mais próspera da Bolívia, esperava um grande fluxo de pessoas em uma concentração na Praça Cristo Redentor, local emblemático do movimento de direita.
"Esperamos que todas as pessoas compareçam, porque esta luta continua sendo de todos nós. Se eles não respeitaram um presidente constitucional, pior para nós", disse Cochamanidi.
Opositores se organizaram contra a decisão de um juiz, a pedido da promotoria, de prender Áñez por quatro meses, até que o Ministério Público acumule provas para apoiar o que considera um golpe contra Morales em dezembro de 2019.
A oposição acredita que a justiça está subordinada ao governo do esquerdista Luis Arce, herdeiro políticos de Morales.
Áñez, de 53 anos, foi presa no sábado na cidade de Trinidad, capital do departamento amazônico de Beni e nesta segunda-feira foi transferida para um presídio em La Paz.
"Me enviam para quatro meses de detenção para esperar o julgamento por um "golpe" que nunca aconteceu", tuitou Áñez.
A prisão de Áñez e de dois de seus ministros, Álvaro Coímbra e Rodrigo Guzmán causou um mal-estar interno e preocupação internacional.
Washington foi o último ator internacional a expressar sua preocupação, como fizeram a Comissão Europeia e a ONU no fim de semana, pelos acontecimentos na Bolívia desde a prisão de Áñez, no sábado.
"Os Estados Unidos estão acompanhando com preocupação os desdobramentos relacionados à recente prisão de ex-funcionários pelo governo boliviano", disse Jalina Porter, porta-voz adjunta do Departamento de Estado.
Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, destacou que "o sistema judicial boliviano não está em condições de oferecer as garantias mínimas de um julgamento justo" e pediu a liberação do detidos.
Pelo Twitter, Morales respondeu a Almagro afirmando que "ele também deve ser julgado por promover o golpe e por crimes contra a humanidade".
Um relatório da OEA encontrou irregularidades nas eleições de 2019, que Morales rejeitou.