O presidente eleito Joe Biden deve deixar a Justiça dos Estados Unidos seguir seu curso em relação a Donald Trump, defendeu a ONG Human Rights Watch (HRW), acrescentando que qualquer tentativa do novo presidente de virar a página para unificar o país seria "um erro enorme"
O presidente eleito Joe Biden deve deixar a Justiça dos Estados Unidos seguir seu curso em relação a Donald Trump, defendeu a ONG Human Rights Watch (HRW), acrescentando que qualquer tentativa do novo presidente de virar a página para unificar o país seria "um erro enorme".
"Biden deve permitir que promotores profissionais avancem e levem à Justiça os crimes que foram cometidos", disse nesta quarta-feira(13) Kenneth Roth, diretor-geral da ONG internacional de direitos humanos em entrevista à AFP, pouco antes de apresentar seu relatório anual.
O relatório é divulgado uma semana depois que o Capitólio dos Estados Unidos, a sede do Parlamento federal, foi invadido por partidários de Trump após um discurso inflamado do presidente cessante. O ataque causou cinco mortes e chocou o mundo.
A oposição democrata iniciou outro procedimento de impeachment contra Trump.
Roth, por sua vez, apela à administração do presidente eleito Biden, que começa seu mandato em 20 de janeiro, a permitir que promotores independentes processem Trump por outras possíveis violações da lei.
"Vimos Trump pronto para pisotear a democracia de diferentes maneiras" ao longo de sua presidência, disse ele, em sua casa em Genebra.
"É crucial que os Estados Unidos se levantem e digam: Este comportamento desprezível é totalmente inaceitável."
Ele insiste que, Joe Biden, ao ocupar a Casa Branca, deve evitar a todo custo "repetir o erro cometido por Obama (ex-presidente Barack) de querer olhar para o futuro e ignorar o passado".
Obama renunciou a processar seu antecessor George W. Bush, cujo governo legalizou a tortura argumentando a luta contra o terrorismo, após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Mas no caso atual "seria um grande erro", porque "o que Trump realmente tentou fazer foi aniquilar a ideia de que o presidente não está acima da lei".
"Devemos reafirmar a preponderância do Estado de Direito e isso significa permitir que promotores profissionais examinem as evidências para processar Trump por crimes que ele possa ter cometido", disse ele.
Roth, que preside a HRW há quase três décadas, considera que o governo Trump foi um "desastre" para os direitos humanos e Biden terá que fazer mais do que reparar os danos.