INTERNACIONAL

Belarus confirma morte de um segundo manifestante após repressão contra protestos

As autoridades bielorrussas confirmaram nesta quarta-feira (12) a morte de um manifestante detido durante à brutal repressão dos protestos contra os resultados da eleição presidencial de domingo

AFP
12/08/2020 às 22:14.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:49

As autoridades bielorrussas confirmaram nesta quarta-feira (12) a morte de um manifestante detido durante à brutal repressão dos protestos contra os resultados da eleição presidencial de domingo.

O Comitê de Investigação informou que o jovem, de 25 anos, morreu no hospital, sem dar uma data exata, após ter sido preso no domingo em uma "manifestação não autorizada" e depois de seu estado de saúde "se deteriorar de repente" durante a prisão.

A causa da morte é incerta, mas uma rádio local informou que a mãe do jovem disse que o filho tinha problemas no coração e que havia ficado detido por horas em uma delegacia.

A polícia havia informado da morte de outro manifestante após a explosão na própria mão da vítima de um artefato que ele pretendia lançar contra as forças de segurança na segunda-feira.

A repressão brutal tem sido a tônica contra as manifestações registradas em todo o país desde que no domingo foi oficializada a vitória -com mais de 80% dos votos- do atual presidente, o autocrata Alexandre Lukashenko, no poder há 26 anos.

As autoridades interditaram nesta quarta-feira o centro da capital Minsk e proibiram a circulação de pedestres e automóveis para evitar novas manifestações, de acordo com jornalistas da AFP.

Mais cedo, dezenas de mulheres formaram correntes humanas em dois lugares da capital para denunciar a dura repressão policial contra os protestos que contestavam a reeleição de Lukashenko.

A calma reinava na cidade em comparação com as três noites anteriores, quando cerca de 1.000 pessoas foram presas na noite de terça-feira, de acordo com a polícia, e entre 2.000 e 3.000 nas duas noites anteriores. De acordo com o Ministério da Saúde, houve 51 feridos.

Em entrevista à rádio, a escritora Svetlana Alexievich, única bielorrussa vencedora do prêmio Nobel, acusou o presidente Lukashenko de arrastar o país a um "abismo" e o urgiu a abandonar o poder.

Desde domingo, para dispersar os manifestantes, a polícia usou granadas sonoras e balas de borracha, o que fez cerca de 250 pessoas darem entrada nos hospitais. O acesso à internet tem sido controlado pelo governo.

Enquanto a União Europeia (UE) examina possíveis sanções contra Minsk, os ministros das Relações Exteriores do bloco se reunirão na sexta-feira, por videoconferência, para discutir, entre outros temas, o cenário em Belarus.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou nesta quarta-feira, durante uma visita a Praga, que o povo de Belarus tem o direito a desfrutar das liberdades que reclama".

O presidente francês, Emmanuel Macron também expressou "sua grande preocupação com a situação em Belarus" durante uma conversa telefônica com o mandatário russo, Vladimir Putin, enquanto o Ministério das Relações Exteriores alemão reprovou "o clima de intimidação, medo e violência".

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou a repressão: "As pessoas têm o direito de se pronunciar e expressar sua discordância", afirmou em comunicado.

Letônia, Lituânia e Polônia, três países pertencentes à UE vizinhos de Belarus, também apresentaram um plano de mediação nesta quarta-feira.

A opositora Svetlana Tikhanovskaya, rival de Lukashenko na eleição presidencial, reivindicou a vitória antes de abandonar o país e buscar refúgio na Lituânia, o que ela fez, segundo o comando de sua campanha, por pressão das autoridades.

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