Novas manifestações são esperadas neste domingo (9) no Líbano, um dia após uma enorme mobilização marcada por ataques a ministérios lançados por manifestantes irritados contra uma classe dominante acusada de negligência após as explosões devastadoras em Beirute
Novas manifestações são esperadas neste domingo (9) no Líbano, um dia após uma enorme mobilização marcada por ataques a ministérios lançados por manifestantes irritados contra uma classe dominante acusada de negligência após as explosões devastadoras em Beirute.
Diante da magnitude da tragédia e da indignação da população que exige a saída de todo o governo, a ministra da Informação, Manal Abdel Samad, anunciou sua renúncia, a primeira de uma autoridade governante.
Para ajudar o país, a França organizou uma conferência internacional por videoconferência neste domingo à tarde, três dias após a visita do presidente Emmanuel Macron a Beirute.
A tragédia foi causada na terça-feira por 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas por seis anos no porto de Beirute "sem medidas de precaução", segundo admitiu o próprio primeiro-ministro Hassan Diab.
A deflagração provocou uma cratera de 43 metros de profundidade, de acordo com uma fonte de segurança.
Enquanto cerca de 20 pessoas ainda estão desaparecidas, as buscas continuam nas ruínas do porto devastado, mesmo que as chances de encontrá-las estejam diminuindo. De acordo com o último balanço oficial, 158 pessoas morreram e 6.000 ficaram feridas na tragédia.
Em um Líbano já atingido por uma crise econômica sem precedentes agravada pela pandemia de COVID-19, a raiva aumenta entre a população.
Bairros inteiros da capital foram devastados pelas explosões e centenas de milhares de libaneses ficaram desabrigados.
Esta tragédia, que ilustra a incapacidade do poder, deu fôlego novo à contestação sem precedentes lançada no final de 2019.
Neste domingo, nas redes sociais, novos protestos eram convocados à tarde na Praça dos Mártires, no coração de Beirute.
"Preparem as forcas, porque nossa raiva não será extinta da noite para o dia", diziam postagens online.
Desemprego, serviços públicos decadentes, condições de vida difíceis: uma revolta estourou em 17 de outubro de 2019 para exigir a saída de toda a classe política, quase inalterada por décadas. Mas a crise econômica se agravou e um novo governo instituído foi contestado. E o movimento perdeu força, especialmente com o novo coronavírus.
No sábado, os manifestantes invadiram brevemente os ministérios das Relações Exteriores, da Economia e da Energia, bem como a Associação de Bancos, sinalizando um endurecimento da contestação.
Milhares de libaneses se reuniram na Praça dos Mártires, brandindo vassouras e pás, em um momento em que a própria população realiza as operações de limpeza, sem que o governo tenha tomado medidas.