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Autor de ataques contra mesquitas de Christchurch decide não falar durante o julgamento

O autor dos ataques contra duas mesquitas na cidade neozelandesa de Christchurch em 2019 abriu mão nesta quarta-feira (26) do direito de falar no processo em que é julgado pelo assassinato de 51 pessoas, depois de ouvir durante três dias os depoimentos de sobreviventes e parentes de vítimas

AFP
26/08/2020 às 11:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 12:08

O autor dos ataques contra duas mesquitas na cidade neozelandesa de Christchurch em 2019 abriu mão nesta quarta-feira (26) do direito de falar no processo em que é julgado pelo assassinato de 51 pessoas, depois de ouvir durante três dias os depoimentos de sobreviventes e parentes de vítimas.

Brenton Tarrant - que demitiu o advogado de defesa no início do ano - optou por não usar o direito de expressão no tribunal. A decisão surpreendeu muitos analistas, que temiam uma tentativa de aproveitar o momento para defender suas ideias extremistas. Para evitar a possibilidade, o juiz havia determinado restrições à cobertura da imprensa.

O supremacista australiano de 29 anos, acusado de 51 homicídios, 40 tentativas de assassinato e terrorismo pelos ataques contra as mesquitas, em 15 de março de 2019, pode ser a primeira pessoa condenada à prisão perpétua sem direito à liberdade condicional na Nova Zelândia.

Um advogado designado pela justiça fará uma breve declaração em nome de Tarrant na quinta-feira, antes do anúncio da sentença.

"É um homem diabólico", afirmou nesta quarta-feira Aden Diriye, pai de Mucaad Ibrahim, de três anos, a vítima fatal mais jovem do ataque.

"Você matou meu filho e considero que é como se você tivesse matado toda a Nova Zelândia", completou Diriye.

"Mas sua atrocidade e ódio não deram o resultado que esperava. Ao invés disso, uniu a nossa comunidade em Christchurch, fortaleceu nossa fé, aumentou a honra de nossas famílias e uniu a nossa pacífica nação".

Diriye disse a Tarrant que deveria "saber que a verdadeira justiça está esperando você em sua próxima vida e será muito mais severa (que a prisão). Nunca perdoarei o que fez", concluiu.

Hasmin Mohamedhosen, que perdeu o irmão, Mohamed, no massacre, chamou Tarrant de "filho do diabo" e afirmou desejar que "apodreça no inferno por toda a eternidade".

Ahad Nabi, que teve o pai, Haji Daud Nabi, assassinado na mesquita de Al Noor, chamou Tarrant de covarde e disse que ele nunca deve ser liberado.

"Enquanto você estiver na prisão, perceberá que está no inferno e que apenas o fogo o aguarda", declarou.

Tarrant permaneceu impassível enquanto os sobreviventes e parentes das vítimas, membros da comunidade muçulmana, apresentavam seus relatos e falavam olhando em sua direção, alguns com revolta, pedindo justiça, e outros muito consternados.

cf/ns/arb/axn/jvb-bl/mar/fp

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