ONGs e profissionais dA saúde estão preocupados com a disseminação do novo coronavírus em Áden, uma grande cidade no sul do Iêmen, diante do aumento da mortalidade e da ausência de estatísticas confiáveis sobre a pandemia neste país em guerra
ONGs e profissionais dA saúde estão preocupados com a disseminação do novo coronavírus em Áden, uma grande cidade no sul do Iêmen, diante do aumento da mortalidade e da ausência de estatísticas confiáveis sobre a pandemia neste país em guerra.
No final de abril, o comitê encarregado de combater a doença COVID-19 no Ministério da Saúde do Iêmen anunciou os primeiros casos de contágio no país, a maioria deles registrados em Áden, cidade de 550.000 habitantes já afetada por surtos de dengue, malária e chikungunya.
O Departamento de Assuntos Civis, responsável pela emissão dos atestados de óbito, atualmente relata dezenas de mortes diariamente.
No sábado, Áden registrou "mais de 80 mortes causadas por diferentes epidemias", disse à AFP Sand Jamil, chefe do serviço, sem mencionar o novo coronavírus. Ele acrescentou que normalmente se emite por dia uma dúzia de atestados de óbito.
O número diário de mortos foi multiplicado por sete, disse Saddam al Haïdari, médico que trabalha em um hospital público de Áden, à AFP.
Embora diferentes fontes não possam estabelecer com certeza que esse aumento está vinculado ao coronavírus, a ONG Save the Children o menciona claramente.
"Nossas equipes no terreno viram pessoas respirando com dificuldade e em colapso sendo devolvidas dos hospitais. Essas pessoas morrem porque não podem receber o tratamento que as salvaria", afirmou Mohammed Alshamaa, diretor de programa da Save The Children no Iêmen.
Para Yasser Bamallem, médico do Hospital Público Al Joumouriah, a situação é grave: "Estamos enfrentando uma catástrofe em Áden".
"Já havia uma luta contra a dengue e a chikungunya (...) com baixa mortalidade. Mas isso aumentou com a disseminação do novo coronavírus", disse à AFP.
Controlada por separatistas que reivindicam a independência do sul do país, Áden não está em confinamento. Não há testes de triagem de COVID-19 ou quarentena para os contagiados.
Foram realizadas campanhas de desinfecção, mas, na ausência de equipamentos, os hospitais deixaram de admitir pacientes com sintomas semelhantes aos da doença e os médicos abandonaram seus postos, segundo testemunhos do pessoal de saúde.
A Save the Children relatou na quinta-feira a morte em uma semana de cerca de 385 pessoas com sintomas semelhantes aos do novo coronavírus.
Três médicos morreram recentemente, disse Jamil ao jornal local Al Ayyam, sem especificar a causa das mortes.
No hospital privado Al Kubi, as consultas aumentaram de 150 por dia, há algumas semanas, para mais de 400 hoje, diz o diretor da unidade Yasser al Nassiri, segundo a qual muitos pacientes apresentam sintomas semelhantes aos de COVID-19.