INTERNACIONAL

Aumenta risco de faltar dinheiro em Mianmar após golpe de Estado

Centenas de pessoas fazem fila todos os dias em frente às agências bancárias em Yangon, na esperança de retirar suas economias, preocupadas com uma eventual falta de dinheiro em circulação, após o golpe de Estado em Mianmar

AFP
24/02/2021 às 10:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 17:22

Centenas de pessoas fazem fila todos os dias em frente às agências bancárias em Yangon, na esperança de retirar suas economias, preocupadas com uma eventual falta de dinheiro em circulação, após o golpe de Estado em Mianmar.

Uma das primeiras medidas das autoridades militares foi limitar os saques, o que alimentou os rumores sobre a falta de liquidez.

O Banco Myawaddy está sob ameaça de boicote por parte dos birmaneses, já que hoje é controlado pelo Exército, que voltou ao poder em 1º de fevereiro depois de destituir Aung San Suu Kyi, a chefe de fato do governo civil.

Nos protestos em massa dos últimos dias, houve inúmeros apelos aos bancários desta instituição para que parem de trabalhar.

A maioria dos bancos, incluindo os privados, esteve realmente fechada por muitos dias, porque seus funcionários aderiram ao movimento de desobediência civil. Uma situação que fica cada vez mais tensa com a proximidade do dia de pagamento em Mianmar, nesta sexta-feira.

Apenas algumas agências dos bancos públicos permanecem abertas em Yangon para a retirada de dinheiro, sempre de forma muito limitada.

Devido a essa incerteza, Tun Naing, um empresário de 43 anos, faz fila todos os dias na frente do Myawaddy Bank.

"Por causa dos rumores sobre este banco, vim retirar meu dinheiro", cerca de US$ 4.500, disse ele à AFP.

Sexto maior banco do país, o Myawaddy autoriza apenas 200 clientes por agência a fazer saques limitados a 500.000 kyat por dia, ou cerca de US$ 370.

Conseguir um lugar cedo pela manhã é crucial e, por isso, "algumas pessoas ficam em hotéis próximos para fazer fila para as senhas", conta Tun Naing. Nem todos têm, porém, sorte.

Myint Myint, um professor aposentado de 64 anos, tem entrado na fila todos os dias por uma semana e ainda não conseguiu fazer um saque sequer.

"Estou realmente farto", desabafou.

"Eles deveriam anunciar (na mídia estatal) que nosso dinheiro está seguro (...) Mesmo que não tenha grandes economias, estou preocupado com os boatos", completou.

Já um comunicado publicado no jornal oficial "New Light of Myanmar" afirma que os bancos continuam prestando seus serviços diariamente.

"A população é convidada a participar desse processo para garantir a estabilidade econômica do país", diz o parecer emitido pelo Banco Central.

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