INTERNACIONAL

Aumenta a pressão em Belarus contra Lukashenko, vaiado em uma fábrica

O presidente bielorrusso, Alexandre Lukashenko, protagonizou nesta segunda-feira (17) um confronto tenso com trabalhadores em greve, que lhe gritaram "fora!", no dia seguinte a uma manifestação gigantesca para pedir a renúncia do líder, no poder desde 1994

AFP
17/08/2020 às 15:03.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:15

O presidente bielorrusso, Alexandre Lukashenko, protagonizou nesta segunda-feira (17) um confronto tenso com trabalhadores em greve, que lhe gritaram "fora!", no dia seguinte a uma manifestação gigantesca para pedir a renúncia do líder, no poder desde 1994.

Nesta manhã, milhares de manifestantes se reuniram diante da fábrica de veículos pesados (MZKT) e da fábrica de tratores (MTZ) de Minsk, assim como em frente à sede da televisão governamental bielorrussa. Com bandeiras brancas e vermelhas, as cores da oposição, gritavam slogans contra o poder.

A visita do presidente à fábrica MZKT, onde chegou de helicóptero, provocou um choque com trabalhadores que lhe gritaram "fora!", enquanto dava seu discurso e respondia perguntas.

"Obrigado, já disse tudo o que queria dizer. Podem dizer "fora"", afirmou Lukashenko no final de seu discurso, visivelmente irritado.

O presidente insistiu que não abandonaria o poder. "Nunca farei algo sob pressão", declarou. "Até que me matem, não haverá eleições", disse ele desafiante.

No entanto, ele esclareceu posteriormente que estava pronto para organizar novas eleições, mas após a adoção de uma nova Constituição, sem dar mais detalhes.

A pressão tem crescido desde que o presidente foi oficialmente reeleito em 9 de agosto com 80% dos votos, apesar das inúmeras acusações de fraude.

A candidata opositora, Svetlana Tikhanovskaya, que alcançou 10% dos votos, afirmou que estava pronta para "assumir [suas] responsabilidades" e governar, em um vídeo gravado na Lituânia, onde está refugiada.

Funcionários da emblemática fábrica de tratores MTZ, que exporta para toda a ex-URSS, disseram à AFP que milhares deles estão em greve.

"Nós planejamos participar de todas as greves pacíficas, atos de protesto (...) para que o governo finalmente perceba que enfrenta seu próprio povo", declarou à AFP Ilia Rybkine, trabalhador de 30 anos.

Maria Kolesnkikova, uma das figuras da oposição em Belarus e aliada de Tikhanovskaya, também falou diante da MZKT.

Por outro lado, cerca de 600 pessoas se reuniram na frente da sede da televisão estatal, segundo a imprensa bielorrussa. Vários apresentadores de notícias do canal renunciaram nesses últimos dias.

Esses protestos começaram um dia depois que mais de 100.000 pessoas se manifestaram no domingo em Minsk para exigir a saída de Lukashenko, após 26 anos no poder.

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