‘A verdadeira função do médico é fazer todo o possível para aliviar a dor de alguém’ (Câmara Municipal/Divulgação)
O subsecretário da Secretaria de Saúde de Piracicaba, o angiologista Augusto Muzilli Júnior é formado há 45 anos e se diz um apaixonado pela profissão. "Sou também professor universitário há 38 anos". Segundo ele, medicina não tem meio termo: ou gosta ou não gosta. "Apesar de todo esse tempo na profissão, tenho o entusiasmo de um recém-formado. Venho ao meu consultório como se fosse meu primeiro dia".
Ele considera ser médico uma profissão sacrificada, de estudo diário e interminável. "Antigamente essa atualização só era possível com livros ou em congressos. Com a internet isso mudou e graças a Deus que existe a internet. Quando alguém publica uma matéria em qualquer canto do mundo, simultaneamente eu tenho aqui esse trabalho, como se eu estivesse dentro de uma biblioteca universal", enfatiza.
No seu entender, a medicina evoluiu muito e mudou o mundo. "Há 40 anos, quando iniciou a história do computador, as pesquisas médicas facilitaram a vida. A produção da vacina da Covid-19 é um exemplo desse avanço. Seu desenvolvimento foi tão rápido que assustou muita gente. Mas isso só aconteceu porque a internet ajudou. A coleta de dados hoje é rápida, o computador tabula muito rápido. Os dados são colocados em uma planilha rapidamente. Aperta-se um botão e se tem o resultado".
Sobre ser especialista, ele conta que se formou em uma época quando o grande diferencial era ser especialista. "O Brasil estava carente de bons especialistas, e chegamos a um ponto de super especialidade. Quando todo mundo foi para a especialidade, foram se perdendo os médicos generalistas. Estamos hoje carentes de clínicos e médicos da família. Tanto é que as faculdades estão se voltando à formação dos generalistas. Por causa do excesso de especialista, muitas vezes os pacientes perdem muito tempo para resolver seus problemas". Segundo ele, o médico de família, por exemplo, resolve 99% dos casos. "Desde que tenha uma boa formação, como se tinha no passado".
Também como representante da rede pública de saúde, ele diz que o SUS é o maior convênio médico do mundo. A única coisa é que o recurso do SUS está indo para a aposentadoria e a assistência médica tem ficado em segundo plano. Além disso, está deturpado por questões políticas.
"Mas acredito que em breve daremos uma solução para o SUS, com um novo salto de qualidade no atendimento ao público. Porque o SUS é um sistema voltado para a população em geral. Todos têm direito à saúde e, consequentemente, ao SUS. Superados problemas que tenho apontado, acredito que os recursos financeiros deverão voltar e teremos novamente um SUS com a qualidade de qualquer bom sistema privado de atendimento. Não vejo diferença entre ser médico SUS ou de uma clínica particular. A verdadeira função do médico é fazer todo o possível para aliviar a dor de alguém. Não há nada mais gratificante do que o grau de satisfação do cliente, quando ele nos agradece e diz que seu problema foi superado", conclui.