INTERNACIONAL

Audiência do processo de Suu Kyi adiada; Mianmar tem novos protestos

As manifestações pró-democracia prosseguiram nesta segunda-feira (15) em Mianmar, um dia depois de uma das jornadas mais violentas dede o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro

AFP
15/03/2021 às 07:33.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:07

As manifestações pró-democracia prosseguiram nesta segunda-feira (15) em Mianmar, um dia depois de uma das jornadas mais violentas dede o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro.

Ao menos 44 manifestantes pró-democracia morreram no domingo (14) em ações das forças de segurança, segundo a ONG de assistência aos presos políticos AAPP.

A organização contabiliza mais de 2.000 detidos desde o golpe de Estado, incluindo Auung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz em 1991, líder de fato do governo birmanês até janeiro. Ela segue presa em um local secreto.

Suu Kyi, de 75 anos, deveria comparecer nesta segunda-feira à Justiça por videoconferência. A audiência foi adiada por falta de conexão com a Internet e remarcada para 24 de março, informou à AFP seu advogado Khin Maung Zaw.

Suu Kyi foi acusada de pelo menos quatro crimes: importação ilegal de walkie-talkies, não cumprimento das restrições relacionadas com o coronavírus, violação de uma lei sobre telecomunicações e incitação a distúrbios públicos.

A junta militar também a acusa de corrupção, ao afirmar que ela recebeu 600.000 dólares e mais de 11 quilos de ouro de subornos.

Aung San Suu Kyi parecia em boa saúde no dia 1º de março, durante uma audiência por videoconferência, de acordo com Khin Maung Zaw, que não foi autorizado a encontrar a cliente.

Novas manifestações aconteceram nesta segunda-feira em várias partes do país, como Mandalay (centro), onde os participantes exibiram cartazes com frases como "Parem a violência", ou "Salvem Mianmar".

Após seis semanas de manifestações pró-democracia, os generais continuam com a repressão: mais de 120 manifestantes morreram desde fevereiro, segundo a AAPP.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciou perseguições, mortes, desaparecimentos forçados, torturas e prováveis "crimes contra a humanidade" executados pelo Exército.

"Os dirigentes da junta não devem ficar no poder, e sim atrás das grades", tuitou nesta segunda-feira o relator especial da ONU para Mianmar, Tom Andrews, que pediu o fim imediato do fornecimento de dinheiro e de armas aos militares.

No domingo, a situação foi particularmente tensa em Hlaing Tharyar, um subúrbio industrial de Yangon que abriga muitas fábricas têxteis, onde morreram 22 pessoas.

As forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes, após o incêndio de várias fábricas chinesas. A embaixada da China pediu às autoridades que garantam a segurança de suas empresas e funcionários.

Muitos veículos militares foram mobilizados na região, onde os moradores permaneceram entrincheirados em suas casas e ouviram os tiros de maneira ininterrupta.

Nenhum grupo reivindicou os incêndios, mas o ressentimento contra a China aumentou nas últimas semanas no país. Muitos pensam que Pequim, grande investidor em Mianmar, tem uma posição muito indulgente com os militares golpistas.

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