Uma audiência crucial para os familiares das vítimas do acidente aéreo do voo Rio-Paris de 2009 começou nesta quinta-feira (4) no tribunal de apelações de Paris, encarregado de se pronunciar sobre a validade do arquivamento acordado em 2019 para Airbus e Air France
Uma audiência crucial para os familiares das vítimas do acidente aéreo do voo Rio-Paris de 2009 começou nesta quinta-feira (4) no tribunal de apelações de Paris, encarregado de se pronunciar sobre a validade do arquivamento acordado em 2019 para Airbus e Air France.
A Procuradoria Geral pediu a anulação deste arquivamento e se pronunciou a favor de um julgamento contra as duas empresas por "homicídio involuntário".
Após uma série de debates que ocorrem a portas fechadas em Paris, na presença de alguns familiares das vítimas, o tribunal entregará sua decisão em algumas semanas sobre um eventual julgamento.
No dia 1º de junho de 2009, um Airbus A330 que viajava entre Rio de Janeiro e Paris caiu no Oceano Atlântico. Todos os passageiros e membros da tripulação - 228 pessoas de 34 nacionalidades diferentes - morreram no acidente, o pior na história da companhia francesa.
Em agosto de 2019, depois de uma década de investigações e batalhas de especialistas sobre as causas da tragédia, juízes de instrução franceses ordenaram o fim dos processos contra Airbus e Air France, que haviam sido acusadas em 2011 por "homicídio culposo".
"Começávamos a perder a esperança e agora vemos a possibilidade de um julgamento", afirmou à AFP Danièle Lamy, presidente da associação "Entraide et Solidarité AF447" (Ajuda e Solidariedade AF447).
No documento de 29 de agosto de 2019, os magistrados consideraram que o acidente se explicava "obviamente por uma combinação de elementos que nunca haviam acontecido e que, portanto, evidenciam perigos que não haviam sido percebidos antes".
O MP, porém, considera que a companhia "cometeu negligência e imprudência" ao não divulgar a seus pilotos informações suficientes sobre o procedimento a adotar em caso de anomalias relacionadas com as sondas, que permitem controlar a velocidade do avião, após vários incidentes do mesmo tipo nos meses anteriores.
No que diz respeito a Airbus, o Ministério Público considera que a fabricante europeia subestimou "a periculosidade dos incidentes anemométricos após o congelamento das sondas", segundo o jornal Le Parisien.
De acordo com relatórios de especialistas, o congelamento das sondas de velocidade Pitot no voo provocou a perturbação nas medições de velocidade do Airbus A330 e desorientou os pilotos até que perderam o controle do avião.
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