A vacina anticovid da AstraZeneca/Oxford, menos eficaz do que suas concorrentes de RNA mensageiro, é defendida pela maioria dos governos e autoridades de saúde, mas continua a gerar desconfiança em parte da Europa
A vacina anticovid da AstraZeneca/Oxford, menos eficaz do que suas concorrentes de RNA mensageiro, é defendida pela maioria dos governos e autoridades de saúde, mas continua a gerar desconfiança em parte da Europa.
Na Alemanha, médicos e autoridades de saúde pública pediram nesta quinta-feira(18) que esse medicamento, mais barato e mais fácil de armazenar, seja mais aplicado.
Dezenas de milhares de frascos deste produto, criados pelo grupo sueco-britânico AstraZeneca e a Universidade de Oxford, permanecem sem uso.
Várias consultas médicas para vacinação são canceladas, alertam as autoridades sanitárias alemãs.
Na Saxônia (leste), uma região com uma das maiores taxas de infecção da Alemanha, mais de 2.500 vagas para vacinação ficaram disponíveis esta semana, de acordo com a Cruz Vermelha alemã.
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, defendeu esse medicamento, "seguro e eficaz" como os da BioNTech/Pfizer e da Moderna. Essas duas vacinas, também baseadas na tecnologia de RNA mensageiro, têm eficácia de 90%, em comparação com 60% da AstraZeneca.
Na França, onde o ministro da Saúde, Olivier Véran, recebeu uma dose da vacina em público, também há muita desconfiança.
Essa vacina não é de "segunda classe", tenta tranquilizar Alain Fischer, coordenador da campanha de vacinação.
A agência francesa de medicamentos (ANSM) registrou 149 casos (entre 10 mil vacinações realizadas entre 6 e 10 de fevereiro) de síndromes gripais, algumas de forte intensidade (febre alta, dores musculares, dor de cabeça) após a injeção do produto.
Na Áustria, o imunizante também é visto com suspeita e centenas de profissionais de saúde em todo o país cancelaram suas consultas de vacinação após a propagação de rumores de possíveis efeitos colaterais, como febre.
Um grupo de médicos de Salzburgo pressionou o governo a distribuir vacinas da BioNTech, e não da AstraZeneca, argumentando que funcionava mais rapidamente e protegia melhor os pacientes.
Na Bulgária, que não impôs limite de idade para a vacina, ao contrário de outros países europeus, cresce a desconfiança entre os idosos.
Na Itália, o problema surgiu quando a federação de médicos e dentistas particulares de Roma, que representa aqueles que não trabalham em hospitais, se opôs à imunização de seus associados com o produto AstraZeneca, por não oferecer proteção suficiente.
"A atitude dos médicos que não querem a vacina AstraZeneca é desdenhosa", lamenta Massimo Galli, diretor do departamento de doenças infecciosas do hospital Sacco, em Milão (norte).