INTERNACIONAL

Assassinato de Khashoggi: veredito final saudita anula cinco penas capitais

Um tribunal de Riad anulou nesta segunda-feira as sentenças de morte proferidas pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em um veredito final denunciado por uma especialista da ONU e pela noiva do crítico ao poder saudita

AFP
07/09/2020 às 14:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:37

Um tribunal de Riad anulou nesta segunda-feira as sentenças de morte proferidas pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em um veredito final denunciado por uma especialista da ONU e pela noiva do crítico ao poder saudita.

"Cinco réus foram condenados a 20 anos de prisão e três outros a penas que variam de 7 a 10 anos", disse a agência oficial saudita SPA, citando os serviços do procurador-geral.

"O procurador saudita apresentou um novo ato nesta paródia de justiça", reagiu no Twitter a relatora especial da ONU para execuções sumárias, Agnès Callamard, segundo a qual "esses veredictos não têm legitimidade legal ou moral".

A noiva turca de Jamal Khashoggi, Hatice Cengiz, chamou a decisão de "farsa".

"As autoridades sauditas encerraram este caso sem que o mundo soubesse a verdade sobre quem é o responsável pelo assassinato de Jamal", acrescentou ela.

Desde o início do processo judicial na Arábia Saudita, houve "apenas repetidas tentativas de acobertar", declarou à AFP Ines Osman, diretora da MENA, uma ONG de direitos humanos com sede em Genebra.

O veredicto foi anunciado depois que os filhos de Jamal Khashoggi anunciaram em maio que "perdoavam" seus assassinos. No passado, seu filho mais velho, Salah Khashoggi, disse ter "total confiança" no sistema judicial saudita.

Mas em abril de 2019, o Washington Post garantiu que os quatro filhos do jornalista assassinado, incluindo Salah, haviam recebido casas no valor de milhões de dólares e estavam recebendo milhares de dólares por mês das autoridades. A família negou.

Colaborador do Washington Post e crítico do regime saudita, Jamal Khashoggi foi assassinado e seu corpo cortado em pedaços em outubro de 2018 no consulado saudita em Istambul, onde foi buscar um documento.

Ele tinha 59 anos na época e seus restos mortais nunca foram encontrados.

Este assassinato mergulhou a Arábia Saudita em uma de suas piores crises diplomáticas e manchou a imagem do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como "MBS", apontado pelas autoridades turcas e americanas como o mandante do crime.

Depois de ter negado num primeiro momento o assassinato e, em seguida, avançado várias versões, Riad acabou por dizer que o crime havia sido cometido por agentes sauditas que teriam agido sozinhos e sem receber ordens de seus superiores.

O procurador-geral saudita inocentou o príncipe herdeiro. Este último disse à televisão americana PBS que aceitava a responsabilidade pelo assassinato porque aconteceu "durante seu reinado", mas negou qualquer conhecimento prévio.

A CIA também concluiu que o príncipe, que controla todas as alavancas do poder, provavelmente ordenou o assassinato.

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