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As cremações não param em cemitério de Lima

Enquanto milhões de peruanos passam as noites confinados em casa por causa do novo coronavírus, os funcionários do crematório no cemitério El Ángel, em Lima, não descansam, pois precisam transformar os corpos das vítimas da pandemia em cinzas

AFP
12/05/2020 às 18:05.
Atualizado em 30/03/2022 às 00:07

Enquanto milhões de peruanos passam as noites confinados em casa por causa do novo coronavírus, os funcionários do crematório no cemitério El Ángel, em Lima, não descansam, pois precisam transformar os corpos das vítimas da pandemia em cinzas.

Uma chaminé de sete metros de altura expulsa a fumaça escura dos corpos que começam a ser cremados ao entardecer na fornalha localizada na área central da capital peruana.

"As cremações levam entre uma e duas horas de acordo com o biotipo do corpo", disse à AFP Wilmer Aguilar, 44 anos, e com quatro meses de crematório, especificando que o forno funciona com "gás liquefeito de petróleo".

Em média, meia dúzia de caixões de vítimas de COVID-19 chegam diariamente ao local. Eles são colocados em um recipiente branco para refrigeração até serem levados ao forno.

O Peru é o segundo país latino-americano - atrás do Brasil -, com o maior número de infecções por coronavírus, com 58.526 casos confirmados e mais de 1.600 mortos, incluindo 94 nas últimas 24 horas. Diante da emergência, uma quarentena nacional com toque de recolher noturno entrou em vigor de 16 de março a 10 de maio.

Os mortos por COVID-19 são cremados à noite, sem cerimônias fúnebres, um serviço que pode custar às famílias o equivalente a pelo menos 480 dólares. Durante o dia, os mortos de outras causas são cremados.

Antes da pandemia, muitas famílias peruanas costumavam velar seus mortos em casa e depois se reunirem em cemitérios, acompanhados até de orquestras andinas tradicionais. Nada disso pode ser feito agora.

O Ministério da Saúde determinou em 22 de março que os mortos por COVID-19 devem ser cremados, exceto em cidades onde não há crematórios. Nesse caso, são enterrados.

Em 13 de abril, a ordem foi modificada, estabelecendo que, caso os crematórios estejam saturados, será optado por enterros, mas as autoridades indicam que essa situação ainda não ocorreu.

Os seis funcionários do crematório em El Ángel trabalham com trajes pretos, máscaras e luvas claras e, para não contrair o vírus, receberam treinamento de profissionais da Argentina, Uruguai e México, diz Vásquez.

"Uma pessoa falecida não te infecta com COVID porque é imediatamente revestida e colocada em uma bolsa hermética e completamente descontaminada", explica ele.

Seu trabalho antes poderia incluir manipular o corpo para vesti-lo "ou remover líquidos e gases". "Isso agora pode causar a propagação do vírus" e é proibido.

As limitações para as famílias dos mortos também são rigorosas.

"Os parentes não podem ver o rosto ou ter contato com as vítimas", diz Vásquez, lembrando a resolução do Ministério da Saúde que afirmava que "velórios estão estritamente proibidos" no caso de morte por COVID-19.

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