Artistas, comunicadores e jornalistas independentes expressaram nesta quinta-feira (11) sua insatisfação com as normas do governo que proíbem o trabalho privado nas esferas da cultura, imprensa e comunicação em Cuba
Artistas, comunicadores e jornalistas independentes expressaram nesta quinta-feira (11) sua insatisfação com as normas do governo que proíbem o trabalho privado nas esferas da cultura, imprensa e comunicação em Cuba.
São 124 atividades que ficarão reservadas ao Estado, como saúde, educação, cultura e imprensa, conforme informou na quarta-feira o Ministério do Trabalho, no âmbito de uma reforma que permite que outras 2 mil áreas sejam exercidas pelo setor privado.
"Concordo com as proibições que dizem respeito ao controle de armas e tudo que ameace a segurança e/ou o bem-estar do cidadão", disse o famoso cantor e compositor Silvio Rodríguez em seu blog Segunda Cita.
Mas "declaro que leria - na íntegra - o relatório que mostrasse que o resto das proibições beneficia o povo. Por maior que seja", acrescentou.
O artigo 57 da lista oficial proíbe "a produção audiovisual e cinematográfica, as atividades de gravação de som e edição musical, exceto a operação e/ou aluguel de equipamentos".
"As proibições tendem a confundir o que foi conquistado: o reconhecimento do cinema independente com fundos estatais", disse à AFP o documentarista e produtor Juan Pin Vilar.
Agora "a possibilidade de legitimar quem é artista e qual obra é arte está sendo devolvida às mãos de uma burocracia corrupta. Vamos passar do cinema independente ao clandestino, mas não vamos parar", afirmou.
Ricardo Herrero, diretor executivo do Cuba Study Group, com sede em Washington, questionou se "proibir a atividade cultural independente faz parte da mudança que as pessoas estão pedindo".
"O que eu sei é que, para nós que lutamos nos Estados Unidos para romper o embargo e melhorar as relações bilaterais, isso simplesmente não ajuda", acrescentou Herrero no Twitter.
Na lista oficial, também é vetada a "edição e diagramação de livros, diretórios e listas de mala direta, jornais, tabloides e revistas em qualquer formato ou meio", assim como as "atividades de agências de notícias".
"Vou continuar a fazer jornalismo independente... Quando comecei era proibido, agora é proibido, amanhã parece que vai ser proibido", declarou Yoani Sánchez, diretora do jornal digital ilegal 14 y Medio, em sua conta no Twitter.
"A única coisa que não muda é a minha resolução de informar, contar e relatar. Não saí, não vou sair, não vou deixar [Cuba]", disse.
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