INTERNACIONAL

Argentina chora, inconsolada, a perda de seu 'Deus Maradona'

A descrença e o mal-estar tomaram conta da Argentina nesta quarta-feira (25) com a morte de Diego Maradona, considerado por muitos um "deus", que dessa vez ele não conseguiu driblar a morte que tantas vezes o cercou

AFP
25/11/2020 às 18:29.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:29

A descrença e o mal-estar tomaram conta da Argentina nesta quarta-feira (25) com a morte de Diego Maradona, considerado por muitos um "deus", que dessa vez ele não conseguiu driblar a morte que tantas vezes o cercou.

"Não acredito, é uma coisa inacreditável, a gente acha que (ídolos como Maradona) podem passar por todos os obstáculos, mas vimos que não, eles acabam sendo todos mortais. Estou digerindo, me sinto em um pesadelo. Sinto que é um piada. Quero acreditar que é uma piada", desabafou Francisco Salaverry, 28 anos, à AFP em Buenos Aires.

Muitos restaurantes, bares e lojas ostentam uma imagem de "el Diego", como era conhecido familiarmente. Alguns painéis municipais, que costumam alertar sobre acidentes de trânsito, dizem "Obrigado, Diego". A bandeira argentina foi pendurada em várias varandas.

A notícia tem impacto total no ânimo dos argentinos, já duramente atingidos pela pandemia do coronavírus e pela crise, em um país onde futebol é religião. "Tremenda notícia, outra dor para esse 2020 de merda", disse Isabel Puente, 70.

"Hoje é um dia ruim, um dia muito triste para todos os argentinos", resumiu o presidente Alberto Fernández em entrevista ao canal TyC Sports, depois de decretar luto de três dias e suspender todas as suas atividades na quinta e na sexta-feira.

A Igreja Maradoniana, formada por seguidores do "deus" Maradona, convocou um comício em sua homenagem às 18h00 no Obelisco, tradicional ponto de encontro das festas do futebol em Buenos Aires.

"Não posso falar agora. Vou ao Obelisco hoje", disse Guillermo Rodríguez, fã que no dia 30 de outubro, para comemorar os 60 anos de Maradona, fez a décima tatuagem de seu ídolo, o "d10S", uma combinação de letras e números que soa como a palavra deus. Rodríguez, aos 42 anos, chora. Ele não poderá realizar seu maior sonho de abraçar o camisa 10.

Gabriel Oturi, 68 anos, diz estar "totalmente chocado, dolorido". "Vou ser franco, acho que ele era um grande cara que não teve boas relações ao seu redor, que se aproveitavam muito dele".

Em cada uma de suas quedas e recaídas, consequências do uso de drogas ou do excesso de álcool, muitos apontavam para o "entorno" de Maradona. Nesse ambiente, sempre respondiam que ninguém conseguia lidar com ele. Em sua última hospitalização após uma operação na cabeça no início de novembro, ele teve que ser sedado para evitar que fosse embora do hospital.

"A dor do país. Fim de uma era", resumiu Julia, 57 anos, em uma rua de Buenos Aires.

O estilo provocador e rebelde do ex-capitão da seleção argentina no México-1986, e também comandante da Alviceleste na África do Sul-2010, agregou admiradores e torcedores, mas também inimigos, contra os quais soube usou sua língua afiada.

"Tchau, Diego! Obrigado, Diego!", escreveram as Mães da Praça de Maio-Linha Fundadora no Instagram com a foto de um encontro entre Maradona e a líder do movimento, Taty Almeida.

Nos arredores de La Bombonera, o mítico estádio do Boca Juniors do qual Maradona foi jogador e torcedor, alguns torcedores choram e se abraçam.

Desde que o camisa 10, que ergueu a taça na Copa do México em 1986, e deslumbrou o mundo com o pé esquerdo, ele não parou de despertar paixões no seu país. Não foi apenas uma conquista esportiva, o segundo título mundial do Alviceleste, mas também se tornou um símbolo do desafio ao poder estabelecido.

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