As já muito adiadas negociações de paz entre o Talibã e o governo do Afeganistão começarão este sábado no Catar, estabelecendo um marco potencialmente importante na guerra que já dura 19 anos no Afeganistão
As já muito adiadas negociações de paz entre o Talibã e o governo do Afeganistão começarão este sábado no Catar, estabelecendo um marco potencialmente importante na guerra que já dura 19 anos no Afeganistão.
O diálogo apoiado pelos Estados Unidos estava programado para começar em março, mas foi adiado várias vezes em meio a disputas sobre uma troca de prisioneiros que incluiu a libertação de centenas de combatentes do Talibã.
Os insurgentes, o governo afegão e autoridades do Catar confirmaram nesta quinta-feira (10) que as negociações serão iniciadas no sábado, após a cerimônia de abertura na capital Doha.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quinta-feira que seu secretário de Estado, Mike Pompeo, viajará a Doha para participar do início das negociações.
"O início dessas negociações representa uma oportunidade histórica para o Afeganistão pôr fim a quatro décadas de guerra e derramamento de sangue", declarou Pompeo em um comunicado. "Esta oportunidade não deve ser desperdiçada", acrescentou.
O Ministério das Relações Exteriores do Catar disse que as negociações "são um passo sério e importante para o estabelecimento de uma paz sustentável no Afeganistão".
Abdullah Abdullah, ex-chefe do Executivo do Afeganistão que agora chefia o Alto Conselho para a Reconciliação Nacional (HCNR), deve voar para o Catar na sexta-feira. "O HCNR espera que, após uma longa espera, as negociações levem à paz e à estabilidade permanentes e ao fim da guerra", disse o conselho no Twitter.
O anúncio do início das negociações de paz veio poucas horas depois da resolução de um obstáculo final: o destino de seis prisioneiros do Talibã ligados às mortes de civis e soldados franceses e australianos.
Na troca de prisioneiros apoiada pelos EUA que atrasou o diálogo em seis meses, o Talibã libertou 1.000 soldados afegãos, enquanto Cabul libertou 5.000 insurgentes.
Paris e Canberra se opuseram à libertação de seis militantes ligados ao assassinato de cidadãos franceses e australianos, mas um acordo parece ter sido obtido com o envio dos insurgentes para o Catar sob custódia.
Um funcionário do governo afegão disse que os seis estavam a caminho de Doha, observando que a questão "havia sido resolvida". Na noite de quinta-feira, o Talibã confirmou que os prisioneiros haviam chegado a Doha. Eles viajaram em um avião especial, contou uma fonte do grupo no Paquistão à AFP.
Entre os seis militantes, estão um ex-soldado afegão acusado de matar cinco milirares franceses e ferir mais 13 em 2012, e outro ex-soldado afegão que assassinou três militares australianos.
O movimento insurgente também disse que outros dois prisioneiros do Talibã que assassinaram a francesa Bettina Goislard, funcionária da agência de refugiados da ONU, foram soltos na província de Wardak, no Afeganistão.
Sua libertação, que foi inicialmente contestada pela família de Goislard e por Paris, não foi confirmada ainda pelo governo afegão.
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