INTERNACIONAL

Após incêndio florestal, boliviana Beni enfrenta a COVID-19

A região amazônica de Beni, na Bolívia, na fronteira com o Brasil, se encontra em "estado catastrófico" por causa do novo coronavírus, sete meses depois de um incêndio florestal devastar 900 hectares de seu território, rico em flora e fauna

AFP
25/05/2020 às 20:26.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:43

A região amazônica de Beni, na Bolívia, na fronteira com o Brasil, se encontra em "estado catastrófico" por causa do novo coronavírus, sete meses depois de um incêndio florestal devastar 900 hectares de seu território, rico em flora e fauna.

Região pecuarista e agrícola, Beni, no nordeste da Bolívia, concentra quase 1.100 dos quase 6.300 casos de COVID-19 registrados no país, razão pela qual declarou "desastre sanitário" na semana passada.

Até 21 de abril, o departamento de Beni, com 450.000 habitantes e de onde se origina a presidente interina Jeanine Áñez, estava livre do coronavírus.

Hoje, no entanto, tem três vezes mais infectados do que o departamento de La Paz, com uma população de quase três milhões de habitantes.

E registra 71 das 250 mortes desde que o vírus foi detectado em 10 de março neste país com 11 milhões de habitantes.

Beni é a segunda região mais afetada da Bolívia depois do departamento vizinho de Santa Cruz (leste), que tem mais de três milhões de habitantes e registra 4.200 infectados. As duas regiões somadas concentram 85% dos contágios registrados no país.

Devido à precariedade de sua infraestrutura de saúde e com a maior dos médicos em isolamento, os alertas foram ativados em Trinidad, capital de Beni, que concentra 96% dos infectados do departamento e quase todos os mortos (69).

"Beni se encontra em um estado catastrófico", comentou o presidente da Sociedade Médica de Terapia Intensiva, Adrián Ávila, depois que 20 médicos voluntários partiram para a região amazônica para ajudar os colegas que lutam contra a pandemia.

Segundo informações divulgadas pela TV local e nas redes sociais, o pequeno cemitério de Trinidad começou a ser ampliado após ficar superlotado.

O jornalista Rubén Villán relatou neste sábado em sua emissora ter visto "150 cruzes, o que significa 150 pessoas mortas ou enterradas neste novo cemitério de Trinidad".

"Está faltando espaço", acrescentou.

No fim de semana, o jogador de futebol Deibert Román, de 19 anos; seu pai, Belizario Román, dirigente da Associação Local; e seu tio, o técnico Luis Carmelo Román, morreram em questão de horas por falta de atendimento, informou a Federação Boliviana de Futebol.

Com o colapso do hospital público, "o povo está morrendo" em casa, afirmou uma moradora ao canal local de TV "Wara". Ela contou que seu marido faleceu no fim de semana porque "a ambulância não quis vir" recolher o doente.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por