Após a chegada caótica de mais de um milhão de migrantes em 2015, os países europeus não aproveitaram o período de calma que se seguiu. A queda nas chegadas não acabou com as mortes no Mediterrâneo, nem com as disputas pela recepção desses homens, mulheres e crianças.
As chegadas à Europa aumentaram progressivamente desde 2011, com o início da guerra na Síria. Mas foi em 2015 que a situação atingiu proporções vertiginosas.
Em abril, uma tragédia abalou o mundo: cerca de 800 migrantes que deixaram a Líbia morreram em um naufrágio. Foi a pior catástrofe do Mediterrâneo em décadas.
No final do verão, as chegadas multiplicaram. No total, mais de um milhão foram registradas em todo o ano, mais de 850.000 das quais através da Grécia.
Temendo uma catástrofe humanitária, a chanceler alemã Angela Merkel abriu as portas de seu país, o que gerou forte rejeição por parte de seus vizinhos, que consideraram a decisão um "fator de atração".
Mas a Alemanha, à beira da saturação, foi rápida em reimplementar os controles de fronteira, seguida por outros países, como Áustria e Eslováquia.
Para aliviar a situação na Itália e na Grécia, os europeus concordaram em setembro com um sistema de cotas para distribuir os demandantes de asilo, apesar da oposição de vários países da UE. O plano, temporário, foi amplamente criticado e causou grandes divisões.
No caminho, os migrantes começaram a esbarrar em cercas e arame farpado nas fronteiras, como na Hungria e na Eslovênia.
Em 18 de março de 2016, um pacto polêmico entre a UE e a Turquia aliviou a pressão.
O acordo previa, em troca de ajuda financeira, o envio para a Turquia de todos os migrantes que chegassem à Grécia.
Ao mesmo tempo, as fronteiras da rota dos Balcãs, da Macedônia à Áustria, foram fechadas.
Resultado: as chegadas na Europa caíram drasticamente, para menos de 390.000 em 2016. Mas dezenas de milhares de migrantes acabaram bloqueados na Grécia.
Outra consequência do pacto foi que a Líbia se tornou a principal rota de migração e a Itália a primeira porta de entrada para a Europa.
Os acordos entre Roma e as milícias líbias mudaram a situação em meados de 2017.