INTERNACIONAL

Aplicação mais cedo do distanciamento social na Califórnia 'fez a diferença'

A Califórnia foi o primeiro estado nos Estados Unidos a impor medidas estritas de contenção que fizeram a diferença para retardar a disseminação do novo coronavírus e, assim, impedir que os hospitais transbordassem

AFP
15/04/2020 às 09:30.
Atualizado em 31/03/2022 às 04:06

A Califórnia foi o primeiro estado nos Estados Unidos a impor medidas estritas de contenção que fizeram a diferença para retardar a disseminação do novo coronavírus e, assim, impedir que os hospitais transbordassem.

O governador Gavin Newsom impôs o confinamento dos 40 milhões de habitantes do estado mais populoso do país em 19 de março, quando apenas cerca de 1.000 casos com 19 mortes haviam sido oficialmente notificados.

Desde então, vários estados do leste ultrapassaram a Califórnia em casos e mortes confirmados.

"Se você olhar para os dados, fica claro que medidas rápidas fizeram a diferença no "achatamento da curva"" de hospitalizações relacionadas à COVID-19, disse à AFP a professora Anne Rimoin, epidemiologista e especialista em saúde pública da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

"A Califórnia realmente esteve na vanguarda das ordens para manter as pessoas em casa, promover o distanciamento social, cancelar shows e grandes eventos e até incentivar as pessoas a cobrirem o rosto. Todas essas coisas juntas fazem uma grande diferença", aponta.

Em 19 de março, Nova York já contabilizava 5.000 casos e as autoridades esperaram até o dia seguinte para impor as primeiras restrições de mobilidade.

E, enquanto lá a pandemia deixou 10.000 mortos e os serviços de saúde e necrotério lotados, na Califórnia, onde chegaram os primeiros repatriados da China e os primeiros casos domésticos foram registrados, a situação parece mais contida: 758 mortes em um universo de 23.338 casos identificados.

Não que a situação esteja sob controle. Los Angeles registrou um recorde de 40 mortes em 24 horas na terça-feira. Mas o número ainda é muito menor do que na Big Apple, uma cidade duas vezes maior, onde foram registradas 800 mortes no mesmo período.

Embora a densidade populacional de Nova York e o urbanismo extremo possam explicar parcialmente o alto número de mortos, Rimoin insiste em que a reação rápida das autoridades da Califórnia foi realmente decisiva.

"Quando o vírus começa a se espalhar, faz isso exponencialmente, portanto, agir rapidamente para impedir que as pessoas se aglomerem é a melhor coisa a fazer", diz a especialista no vírus ebola, que recomenda a "proibição em todo mundo de sair de casa sem cobrir o rosto".

Se o número de casos duplica a cada três ou quatro dias, como aconteceu com a COVID-19 no início, "então, ordenando a contenção uma semana antes, a epidemia foi impedida de quadruplicar", segundo Erin Mordecai, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Mordecai e sua equipe desenvolveram um modelo matemático para medir a eficácia da contenção em relação aos casos do vírus.

"Uma das coisas que o modelo mostra é que a velocidade de aplicação das medidas é muito mais importante do que sua intensidade", explicou ele à AFP.

O crédito também vai para os californianos, que cumpriram as instruções, limitando as saídas a "atividades essenciais" e adotando as regras de distanciamento social.

Segundo os cálculos de Mordecai, suas interações sociais caíram cerca de 75% no mês passado.

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