INTERNACIONAL

Apesar de tesouros, museus de Berlim têm dificuldade para atrair visitantes

Apesar dos inestimáveis tesouros que guardam e de obras de renovação faraônicas, os museus de Berlim ainda estão muito atrás dos de Londres, Paris, ou Nova York

AFP
21/07/2020 às 10:27.
Atualizado em 25/03/2022 às 18:59

Apesar dos inestimáveis tesouros que guardam e de obras de renovação faraônicas, os museus de Berlim ainda estão muito atrás dos de Londres, Paris, ou Nova York. Uma lacuna que pode ser aprofundada pela crise da pandemia.

A dois passos da movimentada Potsdamer Platz, a Gemäldegalerie parece mergulhada em profunda letargia. Não há fila nos caixas, e quase não há pessoas nas salas de exposições. Algumas estão desertas, em um prédio que abriga uma das maiores coleções de pintura do mundo, com obras de Caravaggio, Rembrandt, ou Vermeer.

Uma falta de atrativo que se repete em muitos outros museus de Berlim e que foi acentuada pela pandemia da COVID-19, que deixou a capital alemã praticamente vazia de turistas por quase quatro meses.

Para o especialista cultural do jornal "Süddeutsche Zeitung", Jörg Häntzschel, o fenômeno está ligado a "uma cultura de exclusividade, falta de transparência e arrogância institucional" incorporada pelos museus de Berlim.

Um relatório encomendado pelo governo da chanceler Angela Merkel disparou o alarme há pouco tempo e denunciou a Prussian Heritage Foundation (SPK), que administra os 19 museus da capital, como uma instituição arcaica e elitista.

A fundação é uma das instituições culturais mais importantes do mundo, com 15 coleções e 4,7 milhões de peças.

Com cerca de 2.000 funcionários e um orçamento de 335 milhões de euros para este ano, este mastodonte é o órgão que mais dá trabalho no campo da cultura na Alemanha.

Além da Gemämdegalerie, também administra o Museu Pergamon, com suas joias da antiguidade (como o Portão de Ishtar), a Neue Nationalgalerie e seu edifício projetado por Mies van der Rohe, ou o Museu de Arte Contemporânea Hamburger Bahnhof.

Seu tesouro mais famoso, preservado no Museu Neues, é o busto de Nefertiti, considerado a segunda representação mais famosa de um rosto feminino, depois da Mona Lisa.

Mas as comparações com o Louvre param por aí pois, em termos de visitantes, os museus de Berlim estão longe de rivalizar com a instituição parisiense.

No ano passado, atraíram 4,2 milhões de visitantes, enquanto 9,6 milhões de pessoas foram apenas ao Louvre.

Os especialistas do conselho científico, encarregado de assessorar o governo em questões culturais, são unânimes: as instituições de Berlim "podem ser deixadas de fora em nível internacional", segundo Marina Münkler, que dirigiu o relatório entregue à ministra da Cultura, Monika Grütters.

Alguns especialistas pedem o desmantelamento da SPK, considerada "disfuncional". O relatório critica fortemente a fundação e suas "concepções desatualizadas".

O fraco desenvolvimento das atividades digitais também foi criticado, enquanto grandes museus ao redor do mundo apostam em visitas virtuais, especialmente interessantes nesses momentos em que as viagens estão sendo restritas.

"Muitos museus internacionais têm um grande número de seguidores nas mídias sociais (...) Podem criar aplicativos para exposições. Mas, em Berlim, isso não é possível porque em muitos museus não tem nem Wi-Fi", disse Marina Münkler no Tagesspiegel.

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