INTERNACIONAL

Ao menos 18 manifestantes mortos em Mianmar; protestos contra o golpe continuam

Ao menos 18 manifestantes contra o golpe foram assassinados em Mianmar pela repressão neste domingo (14), quando os protestos se multiplicam em todo o país desafiando o governo militar

AFP
14/03/2021 às 15:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:08

Ao menos 18 manifestantes contra o golpe foram assassinados em Mianmar pela repressão neste domingo (14), quando os protestos se multiplicam em todo o país desafiando o governo militar.

A junta militar declarou a lei marcial em dois distritos de Yangon neste domingo.

A junta "concede ao comandante regional de Yangon o poder administrativo e judicial da lei marcial para praticar (nos distritos de Hlaing Tharyar e Shwepyitha) (...) e realizar a segurança, manter o Estado de Direito e a tranquilidade de forma mais eficaz", disse um porta-voz em um veículo da imprensa estatal.

Neste domingo, ao menos 15 pessoas morreram em ataques das forças armadas contra manifestantes nesses dois distritos.

A crise não para em Mianmar desde que o Exército derrubou a líder civil Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, provocando um levante em massa no qual diariamente centenas de milhares de pessoas protestam pedindo o retorno à democracia.

Os deputados destituídos pedem à população para "se defender" durante o "momento mais sombrio" da nação.

A junta justificou sua tomada do poder argumentando uma enorme fraude eleitoral nas eleições de novembro, vencidas por esmagadora maioria pelo partido Liga Nacional para a Democracia, de Suu Kyi.

Um grupo de parlamentares eleitos, dos quais a maioria está escondida, formaram um "parlamento" clandestino chamado Comitê para Representar Pyidaungsu Hluttaw (CRPH) - palavra birmanesa que denomina o bloco governante -, destinado a denunciar o regime militar.

Neste domingo, lançaram um comunicado afirmando que os manifestantes têm o "pleno direito de se defender das forças de segurança que agridem e causam violência, de acordo com o código penal do país".

Nas últimas semanas, soldados e policiais reprimiram quase diariamente os manifestantes que pedem o retorno da democracia, lançando gás lacrimogêneo, balas de borracha e munição real contra eles, para sufocar os protestos.

Mais de 80 pessoas morreram nos confrontos, de acordo com um grupo local de monitoramento, mas este número deve aumentar dramaticamente após a violência deste domingo no centro comercial de Yangon.

No amplo distrito de Hlaing Tharyar em Yangon, policiais e soldados enfrentaram manifestantes que portavam paus e facas, enquanto se escondiam atrás das barricadas improvisadas e muitos fugiam do local depois que as forças de segurança começaram a atirar.

Os manifestantes, usando latas de lixo como escudo, conseguiram recuperar vários feridos. No entanto, um médico disse que não foi possível chegar a todos.

"Posso confirmar que houve 15 mortos", disse o médico à AFP por telefone, acrescentando que atendeu cerca de 50 feridos, o que o faz acreditar que o número de mortos ainda vai aumentar mais.

"Não posso falar muito (pediu desculpas), continuam chegando feridos", disse ele antes de desligar.

O grupo Associação de Assistência aos Presos Políticos, que verifica prisões e mortes desde o golpe, confirmou um número ainda maior de mortos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por