INTERNACIONAL

Anúncio de vacina russa contra o coronavírus desperta ceticismo no mundo

O mundo reagiu com ceticismo e cautela ao anúncio de que a Rússia desenvolveu a primeira vacina "eficaz" contra o coronavírus, que reapareceu na Nova Zelândia após três meses, está se agravando na Espanha e já infectou mais de 20 milhões de pessoas no planeta

AFP
11/08/2020 às 18:47.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:54

O mundo reagiu com ceticismo e cautela ao anúncio de que a Rússia desenvolveu a primeira vacina "eficaz" contra o coronavírus, que reapareceu na Nova Zelândia após três meses, está se agravando na Espanha e já infectou mais de 20 milhões de pessoas no planeta.

"Esta manhã, pela primeira vez no mundo, foi registrada uma vacina contra o novo coronavírus". "Sei que é bastante eficaz, que permite uma imunidade duradoura", afirmou o presidente russo Vladimir Putin.

Putin afirmou, inclusive, que uma de suas filhas foi vacinada com a chamada Sputnik V, em referência ao primeiro satélite que a então União Soviética colocou em órbita.

O fundo soberano russo que participa do desenvolvimento da vacina garantiu que a produção industrial começará em setembro.

Vários países estrangeiros já encomendaram "mais de 1 bilhão de doses", disse o presidente do fundo, Kirill Dmitriev, apesar de a fase III dos testes (a mais importante com testes clínicos em grandes grupos de pessoas) começar nesta quarta-feira.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou que a "pré-qualificação" e a aprovação de uma vacina exigem um procedimento "rigoroso".

A pré-qualificação requer uma revisão e avaliação de todos os dados de segurança e eficácia necessários coletados durante os testes clínicos", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, antes de lembrar que todas as vacinas candidatas passarão pelo mesmo processo.

O Ministério da Saúde alemão também levantou dúvidas sobre a "qualidade, eficácia e segurança" da vacina russa e lembrou que, na União Europeia, "a prioridade máxima é a segurança do paciente".

O especialista francês François Balloux, da University College London, chamou a iniciativa de "decisão irresponsável e imprudente".

Atualmente, existem cinco vacinas que atingiram a fase III, e não incluem a russa. Entre elas estão a desenvolvida pela alemã BioNTech junto com a americana Pfizer, a produzida pela americana Moderna, dois projetos dos laboratórios chineses Sinopharm e Sinovac, além da que está sendo executada pela Universidade de Oxford com a farmacêutica britânica AstraZeneca.

Enquanto o mundo aguarda ansiosamente uma vacina, o coronavírus continua seu avanço mortal. Quase 737.000 óbitos e mais de 20 milhões de infecções foram registrados desde que surgiu na China no final de dezembro, de acordo com um balanço da AFP.

Os Estados Unidos continuam a ser o país mais atingido, com mais de 163 mil mortes e cinco milhões de infectados, à frente do Brasil, com mais de 101 mil mortes e mais de três milhões de infecções.

As Américas são o continente mais atingido pela pandemia. Além dos Estados Unidos e do Brasil, cinco outros países latino-americanos estão entre os dez com mais mortes no mundo: México (53.003), Peru (21.276), Colômbia (13.154) e Chile (10.139).

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou nesta terça-feira que a pandemia aumenta o risco de morrer por doenças transmitidas por mosquitos, "muito disseminadas" na região, diante da limitação da capacidade de resposta dos serviços de saúde.

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