A América Latina deve aproveitar a recuperação pós-pandemia para promover um novo modelo de crescimento que leve em conta o meio ambiente, defendeu nesta quinta-feira (10) um alto funcionário do Banco Mundial, alertando sobre os crescentes problemas na região ligados ao aquecimento global
A América Latina deve aproveitar a recuperação pós-pandemia para promover um novo modelo de crescimento que leve em conta o meio ambiente, defendeu nesta quinta-feira (10) um alto funcionário do Banco Mundial, alertando sobre os crescentes problemas na região ligados ao aquecimento global.
Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, disse que os planos para superar a contração econômica causada pela pandemia representam uma oportunidade para o enfrentamento dos desafios das mudanças climáticas.
"Não quero minimizar a crise atual" da covid-19, "mas não podemos esquecer que a crise das mudanças climáticas é séria e grave e requer ações urgentes", afirmou ele, ao participar da 24ª conferência do banco de desenvolvimento CAF.
Jaramillo destacou que "se não agirmos logo", em 2050 haverá 17 milhões de "refugiados do clima" na região devido a problemas de água, produtividade agrícola e elevação do nível do mar, entre outras consequências do aquecimento global.
O impacto nas florestas e nas populações que dependem delas para subsistência já é perceptível. "Estamos vendo um aumento incomum no número de incêndios florestais, principalmente na Amazônia", disse. As principais secas associadas ao fenômeno El Niño são agora "mais severas" e tornaram as florestas "muito mais inflamáveis", apontou ele.
Por isso, Jaramillo disse que todas as economias e países da América Latina devem aproveitar para repensar seu futuro. "Seria um grande erro voltar ao mesmo padrão de crescimento que tínhamos antes da pandemia", enfatizou. Por quê? Segundo ele, simplesmente porque esse modelo não era produtivo, inclusivo nem estava em harmonia com o meio ambiente.
O representante do Banco Mundial também pediu o fim dos incentivos aos combustíveis fósseis, que "infelizmente têm sido massivos" e "fazem mal para todos". Ele acredita que devido aos baixos preços do petróleo, este é um momento oportuno.
Jaramillo também pediu que se trabalhe com os governos para revisar outros subsídios do "passado prejudicial", como aqueles para o uso excessivo de água, a fim de ter um crescimento "muito melhor" no futuro.
Com um terço das 904.000 mortes de covid-19 no mundo, a América Latina e o Caribe são a região mais afetada pela pandemia, que causará uma contração de 9,1% do PIB regional em 2020, segundo estimativas da Cepal. Mas com "otimismo cauteloso", Jaramillo disse que foi "encorajado" pelos planos de recuperação anunciados recentemente por alguns países.
É o caso do Chile, que prevê investimentos de 30% em projetos verdes, afirmou, e da Colômbia, que defende "o crescimento limpo e a melhoria de sua bioeconomia".
Ele também citou o Uruguai, ao qual o banco concedeu um empréstimo de 400 milhões de dólares para mitigar o impacto da covid-19, que tem "um grande componente para enfrentar a terrível seca" que o país sofreu no início do ano.
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