O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, reiterou nesta sexta-feira (28) que não renovará Paulo Abrão como chefe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e denunciou uma "campanha de desinformação" diante da onda de críticas sobre sua decisão
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, reiterou nesta sexta-feira (28) que não renovará Paulo Abrão como chefe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e denunciou uma "campanha de desinformação" diante da onda de críticas sobre sua decisão.
O brasileiro Abrão, jurista de renome com experiência internacional que é secretário-executivo da CIDH, tem dezenas de denúncias administrativas contra ele, em um processo que é sigiloso.
Segundo Almagro, algumas das denúncias são por abusos trabalhistas. Uma pessoa que falou com a AFP sob condição de anonimato afirmou que o assédio moral que sofreu foi tão intenso que até a levou a ter ideias suicidas.
A CIDH afirma que essas denúncias dirigidas à Ouvidoria da agência, conduzida por Neida Pérez, devem prosseguir em seu curso jurídico, mas não impedem sua renovação no cargo e denunciou um "grave atentado contra sua independência e autonomia".
A Comissão, entidade autônoma da OEA, informou que a decisão interna de renovar o mandato de Abrão - que expirou em 15 de agosto - foi tomada "por unanimidade".
Almagro voltou a se manifestar contrário em um comunicado publicado nesta sexta-feira.
"Também reitero que de forma alguma incorporarei ou reincorporarei qualquer pessoa sobre quem pendem 61 denúncias", afirmou em nota, referindo-se às denúncias contra o brasileiro.
A decisão de não renovar o mandato do chefe da CIDH gerou críticas de organizações de defesa de direitos, mas também da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Em resposta, Almagro denunciou uma "campanha de desinformação" com o objetivo de fazer acreditar que a autonomia da CIDH está em risco e disse que não participará da escolha do próximo secretário-executivo.
"Este processo corresponde e corresponderá à CIDH", disse o diplomata uruguaio, lembrando que tem pensado muito sobre "a situação das vítimas de assédio no trabalho".
Uma mulher que deixou a CIDH por conta do assédio no trabalho que sofreu e que não quis ser identificada, contou à AFP que começou a entrar em choque com Abrão por seus métodos de trabalho, e denunciou que ele "mente" e que sob seu mandato detectou "arbitrariedade nas nomeações".
A mulher disse, ainda, que sofreu uma campanha de assédio que a obrigou a abandonar o emprego dos seus sonhos.
"Eles me colocavam em armadilhas, o que começou a me enlouquecer e aí entrei em depressão. Fiquei deitada no sofá o fim de semana todo e comecei a ter pensamentos suicidas", disse a mulher que levou essas denúncias à Ombudsperson, que é a responsável pelo processamento as acusações.
Ela me respondeu que havia claramente uma "técnica de assediadores, isolando as pessoas de uma forma que prejudicava sua saúde mental".