Delegado Alex Willians Adami alerta sobre os tipos mais comuns de golpes e como não cair neles
Delegado de polícia Alex Willians Adami já atendeu a diversas ocorrências de golpes digitais e por telefone (Mateus Medeiros)
Uma noite dessas, a professora A.M.A.F., 51 anos, recebeu uma mensagem em seu WathsApp, de uma amiga que pedia um favor. “Estou tentando fazer uma transferência bancária e meu aplicativo está dando erro”, dizia a tal amiga. “Consegue fazer para mim?”, perguntou. Disse, ainda, que no dia seguinte faria a devolução. Desconfiada, a professora tentou uma chamada de vídeo com esta amiga que não atendeu. Foi então que ela entrou no Messenger dessa amiga, no Facebook, e esta lhe disse que haviam clonado seu número de WhatsApp. Outra vítima de golpe, R.B., já não conseguiu escapar em tempo e perdeu R$ 350,00 que depositou como adiantamento para uma golpista, que oferece apartamentos a preço baixo na praia. A vítima chegou a ir até o local do citado imóvel, que constava na rede social, mas não havia o apartamento à venda. Chegou a reclamar com a locatária e esta lhe bloqueou em todas as suas redes sociais. Esses são apenas dois dos tipos de golpes aplicados pelo WhatsApp e que têm feito cada dia mais vítimas. Os estelionatários se aproveitaram da pandemia do coronavírus para tirar mais dinheiro de pessoas incautas. Além do golpe do WhatsApp clonado, segundo o delegado de polícia Alex Willians Adami, que já atendeu vários casos, existem os golpes do falso boleto, falso sequestro, de pessoa que se passa por um parente que quebrou o carro, entre outros. Golpistas, de acordo com a autoridade policial, têm acesso aos anúncios e ao número de telefone dos anunciantes, por meio de sites de compra e venda. “Esses golpistas se passam por funcionários dos sites e solicitam um código para ativar o anúncio à vítima que expôs um produto. Trata-se do código de verificação do WhatsApp. A vítima perde o acesso ao seu aplicativo após digitar o código, pois os criminosos ativam a conta do WhatsApp de determinada pessoa em outro aparelho celular”, explica. Por meio dessa ativação, segundo Adami, os golpistas recuperam as conversas do histórico, passam a acessar os contatos e cometem crime de estelionato, solicitando dinheiro aos parentes e amigos da vítima em nome dela. A orientação para não se tornar mais uma vítima de estelionato no WhatsApp, segundo ele, é que a pessoa habilite a “confirmação de senha em duas etapas". Entrando no WhatsApp, ela vai clicar em "Configurações / Ajustes", depois na "Conta" e depois em "confirmação em duas etapas". Vai ter a opção para habilitar a senha de seis dígitos numéricos. Jamais, de acordo com o delegado, deve-se enviar para qualquer pessoa o código de seis números que chega por torpedo SMS. "Caso já tenha enviado o código, e caído no golpe, é preciso enviar um e-mail" para [email protected] pedindo a desativação temporária de sua conta do WhatsApp", destaca. Neste e-mail, segundo ele, é preciso explicar que seu número (exemplo: +55-18-99XXX-XXXX) foi hackeado, e que alguém está se passando por você e solicitando dinheiro para os seus contatos. “Para aqueles que receberem solicitação de dinheiro por meio de WhatsApp, a pessoa somente deve transferir, ou depositar qualquer valor caso tenha confirmado pessoalmente com o solicitante”, acrescenta. Segundo Adami, caso o bandido habilite um número diverso ao da vítima, mas utilizando de sua foto no perfil e de sua identidade, é preciso tomar as providências cabíveis. Falso boleto Quando se trata desta modalidade de golpe, Alex Adami ressalta que os criminosos descobrem, por meio de algumas pesquisas realizadas na internet, informações sobre as pessoas e enviam falsos boletos por e-mail, como por exemplo: boleto de igreja, de plano de internet e mensalidades diversas. “A vítima acredita que está pagando um boleto verdadeiro, mas no código de barras constam informações que direcionam o valor para a conta dos golpistas”, alerta. Caso chegue um boleto que a pessoa não está esperando, ela deve levá-lo até o banco e conversar com seu gerente. “No momento de pagar o boleto, confira se o banco que aparece na tela de pagamento é o mesmo que está no boleto, confira o valor, data de vencimento, beneficiado e demais dados”. O falso sequestro Neste caso, o bandido liga de maneira aleatória para muitos números. Geralmente este bandido está preso em cadeia e possui tempo de sobra para efetuar ligações. A vítima atende e o bandido grita ao fundo como se fosse uma pessoa sequestrada. A vítima, desesperada, geralmente fala o nome de um(a) filho(a) e é tudo que o bandido precisa para fazer a pessoa acreditar que é um sequestro verdadeiro, pois, agora, ele tem um nome familiar. No desespero, de acordo com o delegado, a vítima não percebe que foi ela mesma quem forneceu o nome do(a) filho(a) e que não há sequestro algum. A autoridade policial orienta a pessoa a desligar o telefone. “Se a vítima sentir mais segura em escrever num papel o que está acontecendo e levar até um familiar, vizinho, padaria, posto de gasolina e pedir para que liguem para o falso sequestrado (aquele que estaria nas mãos dos bandidos), para saber se está tudo bem, pois assim a vítima irá se sentir em paz e tranquila”. Golpe do carro quebrado No início deste ano, a aposentada S.M.M. foi “sorteada” por um bandido que costuma telefonar de forma aleatória para diversos números, e disse: "Oi, tia, meu carro quebrou e preciso de ajuda". A tia, mais do que depressa, falou o nome deste sobrinho: “Fulano, é você?”. O bandido disse: “sou eu, tia”. Na maioria das vezes, segundo Alex Adami, a vítima dá o nome de algum sobrinho e o bandido diz que a vítima acertou. Entretanto, se o tio/vítima não se recorda da voz, o bandido diz: "Nossa, tio (a). Você se esqueceu de mim? Não acredito". O tio/ vítima constrangido e acaba se sujeitando às solicitações. O bandido pede para que a vítima faça depósitos, transferências bancárias ou ainda, recargas para celular. Mas, se isso acontecer, de acordo com o delegado, a vítima deve acalmar-se, desligar o telefone e entrar em contato com o familiar que acredita ter pedido ajuda. No caso da aposentada, ela foi esperta e ligou para este sobrinho descobrindo que estava tudo bem com o carro dele. Como fugir dos golpistas Para fugir das artimanhas dos criminosos, o delegado Alex Willians Adami enfatiza que as pessoas não devem acreditar em vantagens mirabolantes e promessas de grandes negócios. Além disso, ele destacou que, muitas vezes, os golpistas recorrem aos sentimentos das vítimas para conseguir arrancar dinheiro ou informações - é o caso do golpe do falso sequestro, por exemplo. Esclarece a autoridade policial, que somente com informação é possível alertar a população sobre os golpes e diminuir o número de ocorrências. Por isso, a Polícia Civil lançou uma cartilha "GOLPE? TÔ FORA!", com a proposta de prevenir ocorrências de estelionato. A investigadora de polícia Bárbara Camapum criou um aplicativo para celulares ou tablets com informações sobre os tipos mais comuns de golpes e como preveni-los. O aplicativo "Golpe? Tô Fora!" está disponível para sistemas Android, por meio da Play Store, e há tratativas em andamento para viabilizá-lo também para iOS. A cartilha também pode ser consultada nos sites da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança Pública para download (www.policiacivil.sp.gov.br e/ou www.ssp.sp.gov.br) “É preciso ficar atento e sempre desconfiar da informações e propostas feitas por terceiros. Na dúvida, ou qualquer dúvida de que esteja sofrendo algum ataque de golpistas, denuncie e procure uma Delegacia da Polícia Civil”, completa o delegado.