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AIEA pede esclarecimentos ao Irã sobre programa nuclear

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está em alerta sobre a energia nuclear iraniana e pede "esclarecimentos" a Teerã sobre um local não notificado, informou seu diretor-geral nesta terça-feira em uma entrevista à AFP

AFP
03/03/2020 às 11:08.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:07

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está em alerta sobre a energia nuclear iraniana e pede "esclarecimentos" a Teerã sobre um local não notificado, informou seu diretor-geral nesta terça-feira em uma entrevista à AFP.

"Estou soando o alarme", disse Rafael Mariano Grossi em Paris, onde deve se encontrar com o presidente Emmanuel Macron.

"O Irã deve decidir cooperar mais claramente com a agência para fornecer os esclarecimentos necessários", acrescentou, referindo-se à descoberta de "vestígios de urânio antropogênico" em Teerã em novembro de 2019.

O diretor da AIEA afirmou que esse aviso ao Irã seria objeto de um relatório a ser entregue aos Estados membros da agência, que vão se reunir na próxima semana em conselho de governadores.

Nesta ocasião, a AIEA também comunicará os Estados sobre as atuais atividades nucleares do Irã, que se livrou da maioria dos compromissos assumidos no âmbito do Tratado de Viena em 2015, limitando suas capacidades atômicas.

"O relatório dirá que eu não estou recebendo a cooperação solicitada. Preciso de mais (...). É sério. Meu dever é atrair atenção", acrescentou o diretor-geral, que assumiu o cargo de chefe da agência no final do ano passado.

"O fato de termos encontrado vestígios é muito importante (no local não notificado), pois significa que existe a possibilidade de atividades e materiais nucleares que não estão sob controle internacional e que nós não conhecemos nem a origem nem o destino", explicou. "Isso é algo que me preocupa".

A AIEA vem insistindo há vários meses que Teerã deve esclarecer a natureza das atividades que foram realizadas neste local.

A agência da ONU nunca especificou sua localização, mas fontes diplomáticas disseram à AFP que se trata de um armazém no distrito de Turquzabad, em Teerã.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu acusa o Irã de mentir a respeito deste local e de realizar atividades nucleares ilegais, violando seus compromissos internacionais.

O Acordo Nuclear de Viena (JCPOA) está ameaçado desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018. Teerã, cuja economia está asfixiada pelas sanções, respondeu liberando-se, desde maio de 2019, de vários de seus compromissos.

A questão levantada por Grossi nesta terça-feira não faz parte deste acordo. "O Irã tem outras obrigações e outras inspeções além das relacionadas ao JCPOA", disse ele.

"Política é uma coisa. Com inspeções, não brincamos. Devemos respeitar as responsabilidades em relação às inspeções", insistiu.

"Essas não são questões acadêmicas. Existem lugares, pistas e informações da agência sobre as quais precisamos ser mais claros e, no momento, isso não tem acontecido".

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