INTERNACIONAL

A um ano dos Jogos, Japão se apressa para erradicar abusos contra jovens atletas

O Japão deve agir para combater a violência "endêmica" contra de seus jovens atletas cometida por seus treinadores, a um ano da abertura das Olimpíadas de Tóquio, adiada para 2021, alegaram as vítimas e seus defensores nesta quarta-feira (22)

AFP
22/07/2020 às 15:16.
Atualizado em 25/03/2022 às 19:07

O Japão deve agir para combater a violência "endêmica" contra de seus jovens atletas cometida por seus treinadores, a um ano da abertura das Olimpíadas de Tóquio, adiada para 2021, alegaram as vítimas e seus defensores nesta quarta-feira (22).

Após analisar mais de 800 depoimentos de ex-jovens atletas, incluindo atletas olímpicos, de 50 modalidades esportivas em todo o país, a ONG Human Rights Watch (HRW) alerta em um novo relatório que comportamentos abusivos dos treinadores ainda são comuns no Japão.

A HRW "constatou que o abuso ainda é endêmico durante o treinamento esportivo em escolas, federações e esportes de elite japoneses", declarou a diretora nacional da organização, Kanae Doi, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.

"Se os casos de maus-tratos infantis no esporte são atualmente um problema global, optamos por focar no Japão em 2020 devido à chegada dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos", adiados para 2021 (23 de julho a 8 de agosto) devido à pandemia do coronavírus.

"Infelizmente, todos os japoneses sabem que o castigo corporal se espalhou nos esportes japoneses", continuou Doi.

No relatório da ONG, há informações sobre crianças socadas, chutadas, vítimas de agressões verbais ou de abusos ligados à alimentação ou forçadas a treinar, apesar de contundidas.

"Bateram em mim tantas vezes que não posso contar", disse um atleta.

Esse problema foi sofrido por Keiko Kobayashi, cujo filho era um judoca promissor aos 15 anos de idade antes de ser maltratado por seu treinador, que lhe causou graves lesões cerebrais usando uma técnica de asfixia e jogando-o violentamente no chão.

"Quero que as crianças entendam que esse comportamento é abuso, quero ensiná-las a levantar a voz", explica Kobayashi, que ressalta que o treinador não foi processado e que continua trabalhando como professor numa escola e numa academia de judô.

Agora com 30 anos, seu filho Su sofre as sequelas da lesão e é acompanhado de perto por médicos.

Seu caso não é único no Japão, onde alguns abusos esportivos foram destaque nos jornais nos últimos anos.

Como em 2018, quando um adolescente de 13 anos cometeu suicídio e seus pais acusaram o treinador de badminton de ter insultado e maltratado o garoto por um longo tempo.

"Penso que um problema real aqui no Japão é que aceitamos essa prática. E isso é por causa da nossa cultura e de nossas normas sociais", explica Takuya Yamazaki, advogada especializada em esportes, que participou do relatório da HRW.

A importância atribuída ao respeito ao idoso pode resultar em medo em atletas jovens ao denunciar abusos.

"Há medo, é difícil para as vítimas se expressarem", lamenta à AFP Kosuke Kayahara, de 18 anos, que sofreu abuso verbal de seu treinador de futebol americano, como seus colegas.

A HRW pede que o governo tome as medidas mais rígidas com o acusado, criando, por exemplo, um órgão independente encarregado de suspender os treinadores envolvidos.

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