'O Piracicaba dormiu com 25 m3/s e acordou com 15 m3/s', disse Gordo
Vazão do rio Piracicaba baixa drasticamente de 24,6 metros cúbicos de água por segundo para 14,91 metros cúbicos de água por segundo (Adriano Rizzo )
Segunda-feira, 2 de setembro de 2019 A vazão do Rio Piracicaba despencou drasticamente na madrugada do último sábado (31). Em um intervalo de apenas oito horas, baixou 10 metros cúbicos por segundo (m3/s). O índice de vazão caiu, de 24,6 m3/s (à zero hora de sábado), para 14,91 m3/s (14 horas do sábado), segundo informações do Banco de Dados do Sistema de Alertas a Inundações de São Paulo (Saisp). “Nunca nos meus 57 anos de Rio Piracicaba vi uma situação dessas, a vazão simplesmente baixou 10 m3/s em uma noite. Os peixes estão ilhados em poças de água e se não normalizar, se não voltar a pelo menos 25 m3/s, esses peixes todos vão morrer. É um absurdo o que estão fazendo com o rio e toda a sua vida aquática”, desabafou Luís Fernando Magossi, o Gordo, presidente do Instituto 'Beira Rio'. “Toda a população, os ribeirinhos, os donos de restaurante e turistas estão revoltados com essa situação”, acrescentou. Na manhã deste sábado, Adriano Bianchi, 30 anos de idade foi passear no 'Mirante' com a esposa, filhos e sogros. Ele se surpreendeu com o mar de pedras que viu. “Meus sogros vieram visitar Piracicaba, mas não está um dia muito bonito para se ver o Rio”, declarou. A Gazeta tentou contatar a CPFL Renováveis, Concessionária responsável pela gestão da Barragem de Salto Grande, em Americana (SP), para saber se as comportas foram fechadas e houve a interrupção do fluxo de água, mas até a conclusão desta edição, não houve retorno. O secretário-executivo da Defesa Civil de Piracicaba, Odair Mello, contou que conversou com pessoas da Barragem de Salto Grande, que lhe informaram que “desde 7 de julho as turbinas da Barragem estão paradas e que o barramento de água está livre”. Uma das hipóteses sobre a causa do problema, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, seriam as obras de construção de muros de enrocamento que estão sendo feitas a jusante da Barragem de Salto Grande. “Mas do jeito que está não há peixe e vegetação que aguente, eles se preocupam com a água a montante mas a jusante que fique às favas”, criticou Gordo.