Os uniformes de judô são fabricados em todo o mundo, mas apenas alguns fornecedores são designados pela federação internacional desse esporte. E entre eles, apenas um tece seu próprio material.
Fundada há um século, a KuSakura, na cidade japonesa de Kashiwara, na parte ocidental do país, sempre se dedicou ao laborioso processo, não apenas de tecelagem, mas de corte e costura.
Seu presidente, Masahiko Miura, afirma que esse complexo trabalho vale a pena. "É muito difícil descrevê-lo, não são só as máquinas de tricô, mas a alma é colocada no processo", disse ele à AFP.
"Nunca vamos deixar de tecer enquanto fizermos judogis", acrescentou.
O uniforme, ou judogi, compreende uma jaqueta branca, um obi (ou cinto) e calça branca.
Na KuSakura, que começou como uma empresa de tecelagem e costura em 1918, as máquinas antigas fazem parte de uma longa tradição para a empresa, mas mantê-las não é fácil porque não são mais produzidas.
O gerente de produção, Yoshifumi Hayakawa, diz que a fabricação dos tecidos por máquinas antigas é apreciada pelos clientes, que destacam sua textura delicada.
"Queremos continuar fabricando com essa longa tradição nos próximos 10, 20 ou 100 anos", disse ele.
Depois que o tecido de algodão é fabricado, ele é testado pelos funcionários que buscam manchas ou outras irregularidades para, em seguida, ser cortado e costurado delicadamente e cuidando dos detalhes milimétricos.
A empresa, com seu logotipo que se refere ao símbolo nacional japonês das três "sakura" ou cerejeiras, produz 150.000 judogis por ano.
Mas apenas 17.000 são fabricados no Japão usando máquinas antigas e modernas. E poucos deles com tecelãs herdados dos primórdios da empresa.
Esses judogis de alta qualidade são chamados Dojin, ou Master, vendidos por 50.000 ienes (470 dólares), enquanto que os uniformes fabricados na China pela empresa custam entre 10.000 e 23.000 ienes (entre 93,2 e 214,4 dólares), para as competições mais sérias.
A empresa detém cerca de 30% do mercado de judogis no Japão e exporta para cerca de 20 países, embora a pandemia de coronavírus tenha reduzido as vendas para o exterior.
Na loja KuSakura, em Tóquio, dezenas de judogis são pendurados para que os clientes experimentem, com as amostras lavadas pelo menos três vezes para provar que não encolhem.