Da italiana aposentada que alinha cuidadosamente os copos de água para se manter hidratada a um compositor britânico que dirige uma orquestra virtual, o confinamento na Europa é uma mistura curiosa de rotina e criatividade
Da italiana aposentada que alinha cuidadosamente os copos de água para se manter hidratada a um compositor britânico que dirige uma orquestra virtual, o confinamento na Europa é uma mistura curiosa de rotina e criatividade.
É mais do que tudo gestos de esperança. Centenas de milhões de cidadãos europeus tiveram que mudar radicalmente suas vidas diárias.
Desde que os governos obrigaram a população a ficar em casa para combater a pandemia do novo coronavírus, algumas pessoas optaram por organizar lanches virtuais com os amigos, graças às videochamadas, ou passar momentos conversando com os vizinhos da varanda.
Em geral, as pessoas decidiram multiplicar seus contatos com o mundo exterior e, assim, combater o tédio gerado pelo isolamento.
Carla Basagni, uma artista aposentada de 86 anos que mora sozinha no bairro romano de Trastevere, organizou uma pequena rotina para seu isolamento diário.
"Como não posso sair, faço ginástica em casa. Bebo pelo menos cinco vezes por dia, então tenho cinco copos de água alinhados na minha cozinha, para ter certeza de que não vou esquecer!", conta Carla à AFP. Ela decidiu beber "pouco vinho, embora goste muito!".
Para sair de casa, os italianos devem apresentar sua própria "certificação", afirmando que se trata de um deslocamento justificado por uma razão profissional, compra de alimentos ou uma razão convincente, como um exame médico. Caso a regra seja violada, existe o risco de uma sentença de três meses de prisão ou uma multa de 206 euros.
Trancada em casa quase 24 horas por dia, Carla "cozinha deliciosos pratos, lê e ocasionalmente tira uma soneca".
Paula Pérez, uma estudante de medicina do segundo ano, ficou muito emocionada na primeira vez que ouviu os aplausos em homenagem aos funcionários da saúde.
Essa jovem de 19 anos de Madri permanece trancada em seu apartamento de 50 metros quadrados que ela compartilha com sua mãe.
As duas realizam o mesmo ritual todas as noites: às 20h, após os aplausos, ela conversa com os vizinhos de uma janela para outra.
"O vizinho de cima trabalha em um hospital e nos informa sobre o que está acontecendo lá", disse Paula, cujos colegas do último ano de estudo estão entre os funcionários que reforçam os hospitais para lidar com a pandemia.
Os espanhóis estão em estrito confinamento e não podem sair de casa, exceto para trabalhar, caso não possam fazer isso em casa, comprar remédios ou alimentos e levar o cachorro para fora por breves instantes.