INTERNACIONAL

A prisão de Uribe e seu efeito dominó afetam presidente da Colômbia

O poderoso Álvaro Uribe engrossa a lista de ex-presidentes latino-americanos envolvidos com a justiça

AFP
05/08/2020 às 19:37.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:23

O poderoso Álvaro Uribe engrossa a lista de ex-presidentes latino-americanos envolvidos com a justiça.

Na Colômbia, sua prisão domiciliar atinge principalmente seu sucessor, o presidente Iván Duque, que tenta levantar um país em crise devido à pandemia.

A Suprema Corte abalou o mundo político com a decisão de confinar em casa o também senador e líder natural do partido no poder, enquanto o investiga e decide se o julga por manipular testemunhas contra um parlamentar da oposição.

Um dia depois da ordem de prisão, o mentor político de Duque testou positivo para o novo coronavírus, informou seu partido nesta quarta-feira (5).

Uribe, de 68 anos, contraiu a COVID-19, "mas está bem de saúde", informou à AFP o Centro Democrático.

Desde cedo, veículos de imprensa locais especularam sobre seu estado de saúde, após uma junta médica entrar na fazenda El Ubérrimo, onde o político se encontra, no departamento de Córdoba (norte).

Uribe governou o país entre 2002 e 2010. Ele responde como membro do parlamento, portanto só pode ser julgado pelo tribunal superior, que emitiu a ordem alegando "possíveis riscos" de obstrução à justiça.

Ele "é uma figura altamente reconhecida na Colômbia, mas também controversa", afirma à AFP Felipe Botero, cientista político da Universidade de Los Andes. O fundador do partido Centro Democrático (CD) desperta paixões como ninguém na Colômbia.

Ferrenho opositor ao acordo de paz de 2016 com as Farc, a ex-guerrilha que ele acusa de ter matado seu pai, Uribe divide a opinião pública desde então.

Na terça-feira, caravanas e panelaços demonstraram apoio e rejeição.

O político colombiano mais influente deste século é admirado por sua mão forte contra os rebeldes e odiado, com igual fervor, por vários escândalos de corrupção e violações de direitos humanos em seu círculo próximo.

Duque endossou a dor dos uribistas: que seu líder tenha que se defender na prisão, enquanto ex-guerrilheiros - alguns também senadores - o fazem em liberdade enquanto "dilaceram o país com a barbárie".

O futuro da direita, que recuperou o poder na figura de Duque, um político inexperiente, depende em grande parte do destino de Uribe, que na sexta-feira completou dois dos quatro anos de seu mandato de senador.

Duque "está sob grande pressão porque já enfrentou um incêndio econômico e social (devido à pandemia), e agora pode ter um incêndio político e até um incêndio institucional", diz o cientista político Álvaro Forero.

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