INTERNACIONAL

A incerta recuperação da economia mundial após o impacto da covid-19

O aparecimento da pandemia de covid-19, há um ano, provocou uma crise econômica sem precedentes, e devolveu aos Estados Unidos um papel de destaque, mas também amplificou várias tendências da globalização, entre o apogeu da China e a afirmação do poder das gigantes tecnológicas

AFP
02/12/2020 às 14:40.
Atualizado em 24/03/2022 às 03:04

O aparecimento da pandemia de covid-19, há um ano, provocou uma crise econômica sem precedentes, e devolveu aos Estados Unidos um papel de destaque, mas também amplificou várias tendências da globalização, entre o apogeu da China e a afirmação do poder das gigantes tecnológicas.

Se fosse possível destacar um número, seria a dos 20,5 milhões de empregos destruídos em abril nos Estados Unidos.

Em 1929, a catástrofe foi provocada por uma queda no mercado de valores; em 2008, por uma crise financeira; em 2020, o impacto é exógeno, mas paralisa, da noite para o dia, o conjunto de setores econômicos "físicos".

As medidas de confinamento, que afetaram em abril metade da humanidade, representam uma comoção incomparável para uma economia mundial que funciona com uma produção ajustada, sem reservas, com cadeias de produção divididas.

Os aviões, que costumam transportar 4,3 bilhões de pessoas ao ano, ficam em terra. O turismo de massa, que representa 10,5% do PIB mundial, paralisa. Os navios de carga permanecem atracados, assim como milhares de tripulantes. Transportes e fábricas funcionam a meia capacidade, os pequenos comércios e restaurantes fecham e os teatros baixam as cortinas.

Ao contrário, as novas tecnologias, as telecomunicações, a distribuição pela internet e as farmácias tiram proveito desta crise, às vezes qualificada de "darwiniana", que acelera a transição para um mundo digital.

Diferentemente de 2008, os países emergentes sofrem em cheio com a crise desde o começo. Suas exportações caem, assim como os preços das matérias-primas. Em 2020, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma recessão mundial de 4,4%.

A esperança de uma recuperação rápida em V foi fugar, com os novos confinamentos do outono no hemisfério norte, antecipando um ano de 2021 ainda muito perturbado. Os avanços na frente das vacinas deixam entrever, no entanto, uma saída para a crise.

Outra diferença com as crises precedentes: a resposta dos governos foi imediata e maciça, "custe o que custar", nas palavras do presidente francês, Emmanuel Macron.

Mas nada teria sido possível sem o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra ou o Banco do Japão, que abriram as comportas para adquirir maciçamente títulos da dívida, principalmente dos Estados.

Os países deixam correr os déficits para evitar falências em série e desemprego em massa: embora a dívida da zona do euro deva superar 100% do PIB em 2020, o desemprego se estabilizou em 8,3% em setembro.

Os governos do G20 gastaram 11 trilhões de dólares para ajudar pessoas lares e empresas. O que não impediu ondas de demissões.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por