Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (11), faltando nove dias para a saída do poder do presidente Donald Trump, que incluiu novamente Cuba na lista de "Estados patrocinadores do terrorismo", uma medida que Havana denunciou como "oportunismo político"
Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (11), faltando nove dias para a saída do poder do presidente Donald Trump, que incluiu novamente Cuba na lista de "Estados patrocinadores do terrorismo", uma medida que Havana denunciou como "oportunismo político".
Cuba havia sido retirada em 2015 dessa lista, que resulta em sanções econômicas, pelo antecessor de Trump, o democrata Barack Obama, que considerou que os esforços de meio século dos Estados Unidos para isolar a ilha foram um fracasso.
Mas o governo Trump, que desde que assumiu o poder, em 2017, reverteu essa política de aproximação entre Washington e Havana, decidiu reinseri-la enquanto se prepara para transmitir o poder a Joe Biden, ex-vice-presidente de Obama.
"Com esta medida, voltaremos a responsabilizar o governo de Cuba e enviaremos uma mensagem clara: o regime de Castro deve pôr fim ao seu apoio ao terrorismo internacional e à subversão da justiça americana", disse o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, fazendo referência ao falecido Fidel Castro e seu irmão, Raúl, líderes da Revolução de 1959.
"Durante décadas, o governo cubano alimentou, abrigou e forneceu assistência médica a assassinos, fabricantes de bombas e sequestradores, enquanto muitos cubanos estão morrendo de fome, desabrigados e sem remédios básicos", acrescentou, em um comunicado.
Pompeo destacou a "interferência maligna" de Cuba na Venezuela e em outros países da América Latina.
Ele também destacou o "apoio" de Havana aos guerrilheiros colombianos do Exército de Libertação Nacional (ELN), que os EUA consideram uma organização terrorista estrangeira, bem como aos dissidentes da extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Destacou, em particular, a negativa de Havana em extraditar líderes do ELN por um atentado com carro-bomba em janeiro de 2019 contra uma academia de polícia em Bogotá, que deixou 22 mortos. Cuba se recusou a entregá-los por seu papel como mediador nas negociações de paz entre o ELN e o governo colombiano.
Além disso, acusou Cuba de hospedar vários fugitivos americanos da justiça desde os anos 1970, como Joanne Chesimard, Ishmael LaBeet e Charles Lee Hill, entre outros.
Esta designação tem um forte impacto econômico para a ilha comunista, visto que restringe o comércio e a ajuda externa e expõe os investidores estrangeiros a ser processados pelos Estados Unidos.
"Voltar a colocar Cuba na lista também pode afetar o que resta da relação comercial, econômica e política entre os Estados Unidos e Cuba e provavelmente afetar as relações dos Estados Unidos com países terceiros", disse John Kavulich, presidente do Conselho Econômico e Comercial Estados Unidos-Cuba, que assessora empresas sobre negócios na ilha.
Só três países permanecem nesta lista: Irã, Coreia do Norte e a Síria, depois que Trump retirou o Sudão no mês passado.
Cuba, que durante o governo Trump viu recrudescer o embargo americano em vigor desde 1962, condenou o que qualificou de "qualificação hipócrita e cínica".
"O oportunismo político desta ação é reconhecido por todo aquele que tiver uma preocupação honesta diante do flagelo do terrorismo e suas vítimas", reagiu o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, em um tuíte.