INTERNACIONAL

A agitada história das negociações entre EUA e talibãs no Afeganistão

Entre aproximações frustradas, esperanças de cessar-fogo e influência regional, as negociações de paz com os talibãs foram uma séria de oportunidades fracassadas que manteve o país em quase duas décadas de conflito violento

AFP
29/02/2020 às 15:07.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:16

Entre aproximações frustradas, esperanças de cessar-fogo e influência regional, as negociações de paz com os talibãs foram uma séria de oportunidades fracassadas que manteve o país em quase duas décadas de conflito violento.

Os Estados Unidos já mantinham contatos com os talibãs antes da invasão do Afeganistão em 2001, o que precipitou a queda do regime talibã.

De acordo com documentos desclassificados, o governo Clinton estabeleceu contatos secretos com o Talibã, o que não impediu os ataques de 11 de Setembro de 2001 no território dos EUA perpetrados pela Al Qaeda do Afeganistão.

Desde a operação aliada, os talibãs concordaram em depor suas armas em troca de uma anistia. Mas os "falcões" da diplomacia americana, certos de sua vitória militar, recusaram a oferta.

"Cada pilar do regime talibã será destruído", ameaçaram os Estados Unidos em uma mensagem ao mulá Omar, fundador do movimento, em outubro de 2001.

Os insurgentes se mudaram para o vizinho Paquistão, de onde começaram uma violenta guerrilha, retornando gradualmente ao território afegão.

As perdas colossais para as forças de segurança afegãs, apesar do apoio dos EUA, forçaram Washington, após 18 anos de presença, a assinar um acordo sobre a retirada de suas tropas.

Tentativas de diálogo ocorreram em 2004 e depois em 2011. Em 2013, os talibãs abriran um escritório político no Catar para negociar com os Estados Unidos, mas as negociações foram interrompidas depois que se declararam embaixada não oficial de um governo no exílio, posição inaceitável para o governo afegão.

Uma reunião entre os talibãs e o governo afegão, organizada em julho de 2015 no Paquistão, cessou após a revelação da morte do mulá Omar ocorrida dois anos antes.

Em 2015, o presidente afegão Ashraf Ghani propõe negociações de paz com os talibãs e o reconhecimento de seu movimento como partido político. Os talibãs ignoram a proposta.

Em 2018, Ghani faz a oferta novamente e anuncia um cessar-fogo unilateral com os insurgentes da Aid-el-Fitr, que comemora o fim do ramadã. Os talibãs anunciam três dias de cessar-fogo simultaneamente.

A luta então para, pela primeira vez desde 2001, e leva a cenas sem precedentes de confraternização entre talibãs e membros das forças de segurança.

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