Dia da Árvore

Sua majestade a árvore

Leia o artigo de Evaristo Marzabal Neves, professor Sênior da Esalq/USP

19/09/2022 às 23:36.
Atualizado em 19/09/2022 às 23:39
Artigo fala da importância vital da árvore para a existência de vida humana no planeta Terra

Artigo fala da importância vital da árvore para a existência de vida humana no planeta Terra

Não se trata de um “esquenta”, prenúncio da celebração do “Dia da Árvore” que se comemora no 21 de setembro, mas sim de mostrar sua importância vital para a existência de vida humana no planeta Terra.

Na edição de 03/05/22 do Jornal da USP, coluna Saúde e Meio Ambiente, reportagem: Contato com o meio ambiente é vital para a saúde física e mental, o Dr. Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP, realçou que “a sensação de bem-estar propiciada pelo contato com a natureza contribui para melhor funcionamento de nosso organismo”. Ponto para a árvore e, por extensão, para toda vida vegetal.

Na entrevista, o Dr. Saldiva argumenta sobre os benefícios físicos e mentais advindos do contato com a natureza. “A sensação de bem-estar provocada por este momento manifesta-se na alteração dos hormônios que controlam processos inflamatórios na melhora do sistema imunológico, fortalecendo a proteção contra micro-organismos, e do funcionamento do cérebro”.

Continuando, relata que “Um grupo de pesquisadores britânicos publicou recentemente, numa revista especializada, um artigo em que faz um resumo sobre os benefícios do contato com a natureza para a saúde mental do ser humano. A preservação de nossos ecossistemas está dentro de um conceito chamado de saúde única ou de saúde planetária, em que é tornado evidente que temos uma ligação intrínseca, atávica e, inclusive, de saúde com o meio ambiente natural. Para viver melhor é importante que tenhamos uma natureza, seja ela natural ou recomposta por nossos ambientes urbanos”.

Nesta direção, olhando o universo infantil, chamou minha atenção o artigo: A urgência do verde na vida das crianças (Gazeta de Piracicaba, 26/06/2022, p.4), da educadora Thais Machado Gusmão, que inicia com: “Após dois anos extremamente desafiadores, as aulas presenciais foram retomadas em todo o Brasil.

O retorno às salas de aula, que vinha sendo gradual e desigual por causa das diferenças socioeconômicas e epidemiológicas em cada localidade do país, deve ser comemorado como símbolo de uma reconstrução necessária. Além de toda importância da escola para a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, reativar os espaços de convivência e as relações sociais prejudicadas pelo isolamento social imposto pela pandemia torna-se uma questão chave para o nosso futuro”.

Relata ainda que: “O momento é oportuno para enfrentar alguns desafios que já estavam presentes antes mesmo da pandemia, mas que foram agravados com o isolamento social. Um exemplo é o chamado déficit de natureza, que vem aumentando muito nas últimas gerações e revela mudanças de hábitos prejudiciais à saúde mental de toda a população e, de um modo especial, da infância. Em média, as crianças passam até 44 horas por semana na frente de uma tela e menos de 10 minutos por dia brincando ao ar livre”. Oba! Mais um ponto para a árvore e, enfim, para a convivência com a vida vegetal.

Nestas reportagens, é relevante realçar as considerações de um médico e de uma educadora sobre a importância do contato do ser humano com a natureza, em particular com a árvore, e seus impactos positivos na saúde mental e bem-estar humanos em qualquer idade e, principalmente, para a infância.

Neste sentido, imaginando o mundo infantil vivenciando e compartilhando o seu cotidiano com o mundo vegetal, concordo com a orientação da educadora, afirmando: “É natural que pais e professores estejam preocupados com a recomposição e recuperação das aprendizagens defasadas, mas podemos aproveitar o contexto de saída da pandemia como oportunidade para reforçar a conexão entre a escola e as famílias, para uma vida mais saudável. Não faltam subsídios científicos para sustentar essas mudanças de hábitos e busca por uma educação integral que coloque a conexão com a natureza como prioridade”...

”Por mais que a tecnologia faça parte de nossa rotina, não há nenhum aplicativo ou jogo virtual capaz de substituir o sentimento de conexão e descoberta que a criança tem ao vivenciar uma experiência na natureza. Certamente, as crianças não conseguirão lembrar qual foi o seu melhor dia em frente ao Youtube, mas terão na ponta da língua uma vivência especial e divertida na natureza”. Isto é verdade pelo que vejo na alegria e felicidade estampadas nos rostos das crianças, principalmente do ensino fundamental, nas visitas que realizam no parque da Esalq.

Como inserir plenamente e propor soluções com respeito à “urgência do verde na vida das crianças” no ensino fundamental? Cabe discussão e tomada de decisões. Por ora, caro leitor, uma pergunta que não quer calar: Haveria vidas humana e animal caso não existisse a vida vegetal? 


Evaristo Marzabal Neves, Professor Sênior – Esalq/USP

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